NO "AUTO DA ALMA": Existindo uma ligeira diferença entre a versão de Marques Barga e a de António José Saraiva, vou pela primeira. Gil Vicente põe o Anjo a dizer para a Alma, perdida com tanta "coisa material" :
" (...) Pondes terra sobre terra, q'esses ouros terra são.
A Alma deixa-se enfeitar pelo Diabo com brocados e pedras preciosas, e até com huas escripturas de huns casaes de que perdeis grande renda ( se não olhar pela fazenda ). Depois lá vem S. Agostinho que a salva, mas as palavras do Anjo são duras como pedra. Mais adiante, numa pequena reunião, os Diabos elencam proezas e fracassos ( tinha outra alma já vencida em ponto de se enforcar). Tudo isto é velho. Julgo que foi Tertuliano ( "De cultu feminarum" ) quem primeiro, no mundo cristão, se encarregou de pôr as coisas em pratos limpos. Dá um jeitão a Alma ser um substantivo feminino. Ao outro Saraiva, o do "Sol", pelo menos.
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