CARA FERNANDA CÂNCIO, DO GLÓRIA FÁCIL: Realmente, que mundos novos se abriram para mim com a descoberta dos "cliques"! Nem sei como é que consegui viver até agora sem isto!...
Bem... coisas importantes. Sabemos ambos que pretendeu dar a ideia de que bastaria um atestado médico "à la Guimarães" para se poder abortar, e sabemos ambos também que (felizmente, na minha opinião) não é assim. Se for ler com atenção o que escreveu no comentário que me fez, reparará que vinha a falar da permissão do aborto até às 16 e 24 semanas de fetos humanos "vivos e viáveis", dando a ideia de que seriam esses os mais numerosos e que se fariam todos os dias em todos os hospitais e várias vezes ao dia. Sabemos ambos igualmente que não é assim (para "vivos e viáveis" só em dois casos extremos se pode abortar sem punição), e ainda bem que já teve a oportunidade de corrigir os tiros no Glória Fácil, esclarecendo incauto leitor que a maioria dos abortos são por causas fetais (de todo o modo, confesso que não tenho a certeza de que não esteja a incluir nos números que refere os abortos espontâneos - terei de ir confirmar -, o que altera todo o seu raciocínio).
A legislação actual tenta proteger a vida intra-uterina e apenas não pune o aborto em circunstâncias excepcionais. O que se pretende fazer agora é permitir que sem se verificar qualquer circunstância excepcional (porque nem sequer é preciso invocar qualquer razão para lá do "eu quero, posso e mando") seja completamente livre o aborto até às dez semanas.
A isso chama-se, muito simplesmente, liberalização do aborto até às dez semanas e permite que se fale, ainda que seja no limite, em "abortar porque me apetece".
Percebo perfeitamente que não queira discutir neste plano (é chato, não é? também me parece), mas como é o plano em que as coisas estão, se não quer discutir as coisas assim não entre na discussão. Admito é que não tenha percebido completamente a questão em cima da mesa (pois só assim se compreende que insista em querer discutir o que foi aprovado há 22 anos e não o que está hoje em debate).
No mais, e só para sua reflexão, aconselho-a a reler com atenção o que eu escrevi no Mar Salgado (aproveita e sempre se diverte com os posts do Filipe, que são sempre geniais): eu não disse que considerava excepcionalmente justificado o aborto por padecer o bebé (o feto, se quiser) das doenças que refere na adenda ao seu post, eu escrevi que o legislador é que entendeu não punir os abortos nessas situações, o que é bem diferente pois não sou o legislador.
Saber o que eu considero sobre a lei actual seria uma boa discussão e não me importo de um dia a travar consigo, publicamente ou não. Mas como o assunto não está hoje em discussão nem interessa para o debate que se avizinha, nenhum dos dois quer ser acusado de estar a pretender desviar as atenções do que está verdadeiramente em causa e que realmente se pretende discutir, não é?
caro sr vlx contrariamente ao que o sr diz eu não fiz o comentário aos berros, limitei-me apenas a usar a possibilidade que o Mar Salgado dá aos seus leitores, fazer comentários sobre o que lêem. Não me custa nada aceitar as suas explicações de nabice informática em vez de descortesia, acontece que eu não gosto dos seus textos, acho-os manhosos, sectários e, na maior parte das vezes, intelectualmente desonestos. Ora vejamos: "O que se pretende fazer agora é permitir que sem se verificar qualquer circunstância excepcional ( "eu quero, posso e mando") seja completamente livre o aborto até às dez semanas".
Na sua cabeça, a possibilidade de uma mulher, nas circunstâncias mais dolorosas e traumáticas da sua vida, proceder a uma interrupção da gravidez de forma que não ponha em risco a sua vida e, se assim o desejar, a natural pulsão maternal, é liberalizar o aborto. Como se com esta possibilidade todas as mulheres passassem a correr para os hospitais a dar pulos de contentes e a dizer, iupi, iupi, vou fazer um aborto.
Não, não, não, não, não, Praça Stephens. O que ia na minha cabeça era exactamente aquilo que estava escrito, letra por letra, palavra por palavra, e que depois você transcreveu aí em cima, nada mais. Nabo na informática mas razoávelzinho na língua portuguesa, escrita e falada. Por isso, se reparar, não me referi à "natural pulsão maternal" nem percebo a sua referência no texto, mas enfim. Já agora, uma vez que fala em textos manhosos, sectários e intelectualmente desonestos, diga-me cá: sendo completamente livre o aborto até às dez semanas, quem lhe garante a si que, numa situação concreta, a mulher que decide abortar se encontra numa circunstância traumática e dolorosa e não é antes, muito simplesmente, uma pessoa totalmente irresponsável e inconsciente? Pois é...
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