MENINOS: Fora do mundo de plástico, da TV e das revistas, a vida da mulher, divorciada e sozinha com dois filhos, é uma estucha. Carrega todos os inconvenientes da vida familiar sem nenhuma das vantagens ( nenhum homem o desejaria). A ausência do pai, salvo se este for violento ou alcoólico, é devastadora, quanto mais não seja pela simples aritmética: todas as necessidades das crianças têm de ser satisfeitas pela mulher. Um batalhão de aldrabões vendeu à sociedade que isto faz parte da liberdade. O suicídio também. Se a mulher não tiver o apoio de uma mãe ( ou de uma sogra), é o Inferno em versão doméstica. Chega a casa com os petizes por volta das sete da tarde, tem de vigiar trabalhos escolares e birras, providenciar boleias, para actividades extra-curriculares ( se houver dinheiro), e refeições; quando tudo finalmente sossega, está exausta. Depois, se a mulher for decente, há a culpa e há a raiva. Olha para as crianças e espera que elas um dia compreendam. Ouvir adultos cujos pais se divorciaram precocemente é instrutivo: sentem-se roubados tanto quanto sentem que roubaram o sossego a alguém. Desde os anos 70, e progressivamente, os jovens casais dão uma pirueta e vão para a vida familiar convencidos que aquilo é uma festa. Quando a festa acaba, fazem exactamente o mesmo que lhes fizeram. Compreenderam bem demais.
Eu imagino que seja díficil. Mas ser mulher, divorciada e sem filhos não é uma estucha, mas é uma seca... sei bem do que falo. Por exemplo, um evento social, mesmo entre conhecidos/amigos, transforma-se numa batalha em que temos que ter escrito na testa "sim, sou divorciada, não tenho compromissos maiores nem menores, mas estou muito bem e não quero nada do que é vosso". Pacto feito.Marca-se presença, "olá!", "ah quanto tempo?", " estão tão giros os meninos, saem aos papás...". Volvidos os minutos reputados por suficientes, soam as 12 badaladas... e toca a correr, vou com sapatos de treino para não correr o risco de perder algum e juro que não volto. Mas volto sempre, com a mesma metodologia, até que um dia tudo seja diferente. Não sei como. E inventar sentidos para a vida também não é tarefa fácil, diga-se.
Trata-se apenas de uma das muitas batalhas que esperam as mulheres, hoje em dia! Primeiro, sofrem pressão para procriar, depois... seja o que Deus quiser!!!...
Espanta-me que o Senhor Professor não tivesse conhecimento ainda de uma realidade tão antiga quanto complexa!!!...
Depende, depende. Basta convencer-se que não tem que provar nada a ninguém, logo não tem que ser a super-mulher. Ah! e não se esquecer de se lembrar (a escolha dos verbos é propositada)todos os dias que os filhos podem passar uma noite ou outra sem ela que não morrem. Com estas condições satisfeitas não é de todo uma estucha e, estranhamente, pode até ter vantagens "marginais".
Tambén há homens divorciados, viuvos e abandonados, sozinhos e com os filhos, cuja vida é uma estucha. E também há mulheres que não precisam das mães porque podem pagar uma empregada. E também há quem seja feliz estando sozinha com os filhos, tendo abandonado o anormal do marido que talvez lhe batia. Há também homens, que estando divorciados, se preocupam com a educação dos filhos e os vão buscar ao colégio todos os dias, lancham com eles e até os assistem no estudo. Esteja descansado, que nós damos conta do recado sozinhas e não nos sentimos miseráveis. Aliás, há mais de dois mil anos que o fazemos e não me parece que precisemos de compaixão masculina. Um beijo!
Gostei muito do texto. Mas antes divorciada com os filhos e com toda a carga que descreve do que casada com quem há muito se "divorciou" da família, mantendo apenas aparências. Lembro-me de ter 6/7 anos e de me perguntarem se não gostaria tanto, tanto que o paizinho e mãezinha ficassem juntos outra vez. E, bem educada como era, sorria delicadamente, encolhia os ombros e não respondia: "se o fizerem, dou-lhes um tiro!"
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