NOVAS PERSPECTIVAS O sistema político americano, com as suas eleições primárias, provoca 2 tempos distintos no discurso eleitoral dos candidatos às eleições presidenciais. Um primeiro momento em que, para ganhar as eleições dentro dos partidos há a necessidade de convencer as bases. Um segundo tempo em que o objectivo é conquistar os não-partidários. A existência deste sistema levanta problemas interessantes, sobretudo no próximo ciclo político até 2008. Será que a actual moderação sobreviverá ao período das primárias? E quem tem a tarefa mais díficil - os candidatos democratas ou republicanos? Apesar de os democratas terem, para já, o vento eleitoral a seu favor uma resposta a estas perguntas não é fácil nem imediata. Do lado democrata há actualmente uma candidata que se destaca - Hillary Clinton. Mas, para além dela, há uma proliferação de nomes que talvez entrem na corrida: Barack Obama, o senador de Indiana Evan Bayh, o ex-governador do Iowa Tom Vilsack, o ex-candidato a Vice-Presidente John Edwards, e eventualmente Al Gore e mais alguns. O tema da guerra no Iraque é particularmente fracturante dentro do Partido Democrata. Como se viu nas eleições para Senador no Connecticut (em que Lieberman foi preterido dentro do Partido Democrata por um candidato anti-guerra, tendo vindo mais tarde a ganhar as eleições gerais como independente), a base do Partido Democrata é muito mais ferozmente anti-guerra do que o eleitorado em geral. A isto, é preciso acrescentar a tradicional indisciplina dos democratas, muito permeáveis à influência de grupo externos ao partido como a MoveOn.org ou bloggers. Como em tudo na América, havendo procura, seguramente que aparecerá a oferta: com toda a certeza emergirá um candidato com um inflamado discurso anti-guerra. Os melhores candidatos a esse papel são Al Gore (que nunca apoiou esta opção) ou John Edwards (que repudiou publicamente o seu voto a favor, pedindo desculpas). Este cenário pode colocar muitas complicações a Hillary Clinton. Tentando manter uma pose de Estado, a senadora sempre recusou arrepender-se publicamente do seu apoio à guerra. Qualquer mudança de opinião neste campo abre o flanco a acusações de oportunismo político e, pior, a afastá-la do centro político (e ela não tem uma imagem centrista tão consolidada quanto a do seu marido). O exercício é delicado e está ainda por cima sujeito a acontecimentos no relacionamento entre o Congresso e o Presidente que Clinton não controla totalmente. Daí que não seja de estranhar que a cara mais feliz da noite de terça-feira passada fosse a de John McCain. As eleições intercalares praticamente eliminaram qualquer hipótese de pré-anunciados candidatos da direita religiosa (como Allen que perdeu a corrida poara Senador na Virginia e Santorum a quem ocorreu o mesmo na Pennsylvania). Resta Mitt Rooney, ex-governador do Massachussets, mas que não parece sere um candidato ameaçador para McCain. Mais, para a direita religiosa, Hillary Clinton é uma espécie de anti-Cristo. Mesmo que as primária sejam renhidas (o que é de duvidar) McCain não terá de se esforçar muito para ter os evangélicos a votar em massa em si, no caso de chegar a uma eleição contra Hillary. Acresce que o domínio do Congresso pelos democratas retira o argumento, para 2008, de que todos os males da América são culpa dos republicanos. E mesmo nesse ponto, McCain está bem escudado - não há senador mais independente do seu partido do que ele (havia o de Rhode Island mas perdeu). O novo paradigma eleitoral que implica um cortejar dos independentes do centro abre novas perspectivas aos moderados republicanos. Aquilo que há meses parecia impossível, um ticket McCain/Giuliani, soa hoje aos ouvidos de muitos republicanos como necessário e inevitável. Resta saber se Rudy não terá ambições próprias (ele tem-nas desmentido veementemente e mantem relações próximas com McCain). Até há pouco era considerado demasiado moderado, sobretudo em questões morais como o aborto e o casamento entre homossexuais, para alguma vez poder ganhar primárias no Partido Republicano. Pode, no entanto, ter-se sentido encorajado pelos resultados de terça. Os democratas devem sentir-se felizes e optimistas. A onda eleitoral parece estar do seu lado. Mas de uma maneira curiosa, o resultado de terça-feira abre também novas perspectivas do lado republicano: a possibilidade, hoje muito mais real do que antes, de conseguirem juntar numa candidatura presidencial dois dos seus mais populares militantes. Com estatuto de heróis e ícones da moderação política no Partido Republicano. A corrida para 2008 promete ser das mais interessantes das últimas décadas.
Veremos o que acontece até 2008, em particular o que acontece ao Irão! Antes dessa data, e se os iranianos não abdicarem do programa nuclear, uma de duas coisas acontece: ou os EUA resolvem a questão ou os israelitas bombardeiam o Irão. Em qualquer dos casos as consequências no mundo árabe serão imprevisíveis. Depois temos os prováveis atentados que podem mudar os ânimos e a tendência dos votos. Há demasiadas dúvidas para se fazerem previsões. Abraço
Alex, Esse cenário é possível. Como diz o João, ainda é cedo para fazer previsões. quis apenas tentar prever a evolução nos próximos tempos com os dados que agora existem - não acredito na candidatura de Rice (ela não uma política do tipo que se apreseta em eleições). Mas, claro que pode sempre aparecer alguém fora deste lote. No entanto, e como bem diz, não se vê quem seja essa alternativa. Como governador apenas se fosse o outro Bush (Jeb). Toda a gente o conhece e é governador. Mas acho que a família politicamente mais bem sucedida da América sabe que tem de dar espaço a outros. Seria Bush a mais.
João Pedro, Não é nada chato. Mas talvez o engano não seja meu. O Senador pelo Indiana a que me refiro é Evan Bayh. Acho que ele está lá mencionado. Talvez a frase não esteja bem construída e a colocação das vírgulas induza em erro. Obama é de facto do Illinois (tem toda a razão) Abraço e obrigado pela sua atenção, Nuno
Sou capaz de apostar com quem quiser que Bob McCain será o próximo Presidente dos EUA. É um republicano moderado, com peso político intacto, extremamente popular junto da América "desfavorecida" e respeitado pelas elites. É do Sul (determinante). É um herói de guerra (essencial), critica os abusos aos direitos civis da Administração Bush, cativará o centro. Tem carisma e carácter (duas coisas que faltam a Hillary Clinton). Alguém aposta comigo?
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