QUE QUERIDOS, QUE FOFOS!... No jornal Público de hoje (24 de Novembro) são publicadas fenomenais fotografias que virão a ser utilizadas pelo National Geographic Channel in America sobre a vida animal intra-uterina. São deliciosas, mostram um cachorrinho com 52 dias de gestação, com o focinhito cheio de pelos. Exibe-se ainda um elefantezinho com apenas dezasseis semanas de gestação, depois com seis meses, todo perfeitinho, com as orelhitas, as patinhas, a tromba, tudo já muito bem delineado. Uma outra imagem revela-nos o animalzinho (estranha expressão, dedicada a um elefante, ainda que no útero materno e não numa loja de porcelanas...) deliciado num sono alegre, em que parece sorrir, contente, seguro e confortado, maternalmente protegido.
É fantástica a sensação agradável e amorosa que nos sugerem as imagens destes pequenos animais, o carinho que nos provocam e com que as contemplamos. Tão fantástica e surpreendente como só é comparável a leviandade com que olhamos para as imagens semelhantes de um ser humano nas mesmas condições e a facilidade com que pretendemos decidir a sua destruição pela liberalização do aborto. Poucos são os que teriam coragem de espetar um espigão naquele pequenino elefante, que dorme regalado o sono dos anjos, mas muitos de nós entendem ser um direito especial decidir a morte brutal do ser humano nas mesmas condições, sem qualquer motivo que sequer tente justificar o acto. É nestas alturas que se pensa se serão humanos que miram as fotografias de animais na imprensa, se são animais desumanos que vêem fotografias da humanidade natural.
Post scriptum: não deixa de ser surpreendente que no jornal se tenham naturalmente referido à vida animal intra-uterina quando existem sempre tantas reticências em falar-se na vida humana intra-uterina.
caro vasco lobo xavier, lê-se o que escreveu e não se acredita.
não sei qual a sua especialidade nem que conhecimento tem daquilo de que fala, mas custa-me a crer que não saiba que a lei que existe há 22 anos permite abortar às 16 semanas e às 24, desde que com atestado médico, fetos humanos. vivos e viáveis. não percebo pois por que motivo fala daquilo que um eventual referendo virá a decidir. fale antes do que já está decidido e que se faz todos os dias nos hospitais portugueses, várias vezes ao dia: abortos a partir das 20 semanas. são os abortos legais mais numerosos, como deve (ou devia) saber.
que isso se faça e seja aceite e aparentemente pacífico e que se discutam com escândalo abortos às 10 semanas, chamando 'liberalização' ao facto de se propor que seja a grávida a decidir em vez de um médico, é que é espantoso.
para não falar da leviandade (chamemos-lhe assim) de baralhar tempos de gestação de mamíferos. fala de um feto de cachorro de 52 dias; o tempo de gestação de um cão é entre 58 e 63 dias. já o de um elefante é de 22 meses e nasce com 120 quilos, apto a trotar atrás da mãe. tudo igual, claro. mas nada disto interessa, pois não?
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