DIREITOS DA MULHER E SITUAÇÕES DA VIDA: Num processo de regulação do poder paternal (*), o ex-namorado recusou-se a contribuir para os alimentos do filho alegando que nunca o quis, que sempre insistiu para que a namorada abortasse e que, não tendo ela abortado, a criança é de sua inteira e única responsabilidade: ele não tem nada a ver com a criança nem tem de lhe pagar o que quer que seja ou mesmo de contribuir para a sua educação.
Deixando por ora de lado a qualificação pormenorizada da alegação torpe do tal ex-namorado, consideremos antes que a mulher, hoje, à luz da lei actual, encontra-se protegida, bem como se encontra protegida a sua maternidade, o seu filho, o direito a tê-lo. O argumento do imbecil, hoje, pode servir para muita coisa mas não o desobriga de contribuir para a educação do filho.
Se um dia vier a ser totalmente livre o aborto, como se pretende, talvez o argumento de que "lhe tinha dito para abortar e ela é que não quis" sirva para justificar não ter de contribuir para a educação da criança. Os que defendem o sim ao aborto livre e se dizem defensores dos direitos da mulher parecem não se preocupar com este tipo de coisas, com este tipo de consequências, com esta pressão enorme que se exercerá diariamente sobre todas as mulheres para que estas não tenham os seus filhos. Mas provavelmente deveriam pensar melhor.
(*) situação verídica.
ps: a partir de hoje, vencidas que sejam algumas dificuldades informáticas pessoais e não obstante a minha crónica falta de tempo, começo a colocar textos sobre este tema também no blogue do não. Amável convite que muito me honra. Continuará tudo a estar igualmente nesta nau, pois adoro o aroma do seu casco.
caro VLX pode depreender-se das suas palavras que se essa mulher tivesse a possibilidade de ir abortar num estabelecimento de saúde ao cuidado dos seus profissionais ela teria ido logo a correr, isto é, teria dito uma coisa mais ou menos assim, só aborto com cama, mesa e roupa lavada ?
Não, não pode. Leia outra vez o caso abjecto que relatei e perceberá a aberração de que eu estava a falar. Hoje em dia, com a lei actual, o que este imbecil precisava é que fosse dado conta ao MP que ele tinha confessado em tribunal ter instigado uma mulher à prática de um crime, a tinha pressionado a isso. A atitude cobarde, irresponsável e imoral deste tipo que não tem sequer vergonha de a confessar numa peça processual devia ter uma resposta severa da sociedade (repare: resposta bem diferente da que deveria ter a mulher que cedesse à pressão). Com tipos destes não devemos ter problemas com "humilhações". Ora, no caso do aborto ser completamente livre até às dez semanas, o argumento dele pode ser lido num prisma diferente. E torná-lo mais irresponsável e criminoso, e vulnerável a mulher. Assim como agora disse, assim se pode depreender.
uma mulher namora com um rapaz, ela agnóstica, ele católico praticante.
ela engavida, e ele não quer ter que assumir uma relação com ela (casamento). sabendo que do seu passado algo longínquo consta ter praticado um aborto, sugere-lhe que vá tratar do assunto. Ele não quer ter nenhuma repsonsabilidade também aí, é que no fundo ele diz-se contra o aborto, mas já que ela é a favor... estão a ver a história?
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