NO JARDIM ( ocidental) DAS HESPÉRIDES: Enganador, este sol que canta. No frio, o sol deixa ver tudo mais nitidamente, os jazigos parecem brilhantes, os mendigos quase sorriem. Nas cidades não temos memória da matança, da azeitona, do verdadeiro frio. Grutas apinhadas de sacos de compras e milhões de telemóveis dão-nos a sensação de comunidade. Lá está, é o sol a enganar, atrevido. Somos cada vez menos e cada vez mais bem mandados: consumimo-nos. Qualquer laço obrigatório é um fardo, qualquer aliança seca, uma seca. Fora do jardim fala-se de outro amor, menos enjoativo, e a beleza é morte. Por cá, continuamos a desprender-nos do mundo. E a roer pomos de ouro.
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