O DIÁRIO DO LEOPARDO ( XVI): A Vénus está em peles, muito já se escreveu sobre isso. Krafft-Ebing até inventou uma nova categoria. Sacher-Masoch, o lincezito ucraniano, fez escola com essa glorificada novela de ciúme e dominação. O texugo Deleuze desenterrou-a com as suas longas unhas e fez um escarcéu dos diabos. Mas não diz asneiras: cada formação delirante apropria-se dos meios e dos momentos muito variados que reúne à sua maneira. E assim, Fanny Pistor, aka Baronesa Bogdanoff , tornou-se a famosa Wanda com a qual o nosso Leopoldo celebrou um contrato leonino. O que é curioso é que o masoquismo popular - o das fantasias dos parolos suburbanos - nada tem de arriscado. É contratualizado e esterilizado, tão excitante como a Floribela. Ao contrário, o soldado que vai para guerra, os amantes que se despedem, o moribundo, todos eles conhecem a verdadeira regra: que tudo acabe depressa e que tudo dure infinitamente .
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