SOCIALISTAS EM CAMPANHA: A entrada dos socialistas na campanha a favor do aborto a pedido é de deixar qualquer um pasmo! Sócrates iniciou as hostilidades partidarizando a questão como antes só o Bloco de Esquerda não tinha vergonha de fazer. Dizem os socialistas que a derrota do SIM é penalizadora para o PS e que essa derrota será lida como um desaire dos socialistas e de José Sócrates. Eu, pessoalmente, gosto do argumento e até pode favorecer o NÃO mas não posso deixar de destacar que os socialistas se estão já a colar a uma eventual vitória do SIM: essa confiança toda deu mau resultado da última vez...
Edite Estrela é simplesmente deliciosa. Para contrariar o facto indesmentível de que o número de abortos aumentou em Espanha, a conhecida socialista afirmou, numa sessão que se pretendia de esclarecimento sério, que isso se devia ao facto das mulheres portuguesas irem a Espanha abortar. Como não há estudo que refira isso, Edite Estrela deve ter tirado esta fantasia da sua própria cabecinha. Imagino-me o que é que lá terá restado.
A máquina do Governo resolveu dar uma mãozinha ao partido do mesmo. Resolveu pôr uns funcionários a fazer as contas dos custos do aborto livre para contrariar os malefícios do argumento financeiro, quando se manda apertar o cinto em tudo o mais. Contam eles fazer 57 abortos/dia. Sim, 57 (cinquenta e sete) por dia. O SNS não deve retirar tantos molares por dia a pessoas com dores e a necessitar de tratamento, mas abortos a pedido conta fazer 57. Por dia. A pedido. Abortos. Diz o Expresso que se basearam nos números espanhóis mas não refere se os dados obtidos terão sido trabalhados em função da brilhante teoria de Edite Estrela.
Já Jorge Coelho não gosta de tratar deste assuntos de dinheiro, acha que é argumentário de demagogia rasca. Jorge Coelho considera que há milhões de pessoas que não sabem ainda o que vão fazer e que é preciso abaná-las. Para que as pessoas saibam o que vão fazer no referendo ao aborto, Jorge Coelho começou por atacar a Igreja Católica e meter no mesmo saco o preservativo e o aborto. Cumpre esclarecer, primeiro, que o aborto já era considerado uma coisa má e indefensável muito antes da Igreja Católica existir, pelo que esta não veio trazer novidade nenhuma relativamente ao assunto. Depois, que o preservativo evita que se gere uma vida, não destrói - como faz o aborto - a vida que já se gerou e está em desenvolvimento. São coisas muito diferentes, ainda que Jorge Coelho veja o aborto como um método anticoncepcional (e se assim é deveria afirmá-lo claramente).
Jorge Coelho entende ainda quem aborte não deve estar sujeito à arbitrariedade de um juiz que decidirá prender ou não a pessoa em causa em função da sua boa ou má disposição nesse dia. De todas as ideias estranhas que os socialistas já nos revelaram ter sobre a Justiça, os Tribunais e os Magistrados, esta é a mais ofensiva que já vi, li e ouvi.
Ah... Jorge Coelho defendeu também uma campanha "moderada" contra "posições extremadas". Pois.
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