TOP INTOX: A aquisição de um terceiro exemplar do "Opium" de Cocteau ( perdi o primeiro há mais de vinte anos mas não volto a emprestar mais nenhum) obrigou-me a uma redefinição do ranking: qual é a melhor reflexão pessoal sobre a intoxicação? Segue-se uma classificação, discutível e incompleta, como todas são: Em poesia, Trakl, Pessanha, Pessoa ( o "Opiário" é um manual) e Baudelaire ( nas "Flores do Mal " ) são imbatíveis; em pequenas diversões, Balzac ( "Dos Estimulantes Modernos ") e o cachimbo de ópio de Gautier são essenciais. Não gosto de De Quincey, o Baudelaire de " Os Paraísos Artificiais " é monótono. Depois, pequenos salpicos: Keats, Sara Coleridge e novamente Balzac, espalhado pelos seus romances, entre muitos outros. Num outro estilo, pré-terapêutico, o referido Cocteau, Guy Debord com o agreste e alcoólico "Panegírico" escrito à beira da morte, e o "Morfina ", de Boulgakov, publicado em 1927 e enterrado durante muito tempo sob o frio soviético. Inclassificáveis e imperdíveis, os nove capítulos do " Sonho do Quarto Vermelho" nos quais Ts'ao Hsueh -ch'in ( 1715-1763), "o Proust chinês", descreve os rituais de intoxicação taoístas do chefe da casa com ouro e sulfato de mercúrio. O topo, no entanto, continua alemão: Ernst Junger e o seu " Drogas, Embriaguez e Outros Temas " ( 1978), e Walter Benjamin com uma colecção de ensaios ( "Uber Haschich") publicada muito depois da sua morte. Escritos entre 1928 e 1931, são, como diria o Eça, de chupeta. Assim:
" Para aquele que comeu haxixe, Versailles não é suficientemente grande e a eternidade não dura demasiado."
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