VERDADES INDISCUTÍVEIS II: A maioria dos comentários deixados ao meu post anterior demonstra essencialmente duas coisas, uma boa e outra má. A má é que grande parte dos leitores continua sem conseguir ler correctamente nem interpretar devidamente os textos escritos, por mais simples que eles sejam. A boa é que a generalidade das pessoas, ou todas elas, são contra a pena de morte.
O que não consigo perceber é que se seja tão veementemente contra a pena de morte e se aceite com a maior das descontracções a morte sem pena. Na verdade, constitui uma incongruência irresolúvel criticar-se um sistema judicial que entende condenar à morte um facínora assassino de milhares de vítimas como sanção pelos seus terríveis actos e admitir-se com a maior das naturalidades que uma única mulher possa decidir terminar a vida inocente que se desenvolve naturalmente no seu ventre, sem qualquer tipo de justificação ou motivo.
Sou pela vida sim, Praça Stephens; em qualquer das circunstâncias (mesmo que elas não sejam completamente comparáveis) critico a morte. Mas não sou eu quem tem o problema de consciência para resolver perante a vida e a morte. De todo o modo, continuo a desejar-lhe que resolva o seu rapidamente, se possível a tempo do referendo para não correr o risco de ficar mais tarde com dois.
É exactamente a mesma coisa. Poderá apenas diferir o tamanho do caixote do lixo e, no segundo caso, poder dar-se a possibilidade de sobrevivência caso alguém encontre a criança.
você, caro VLX, gosta muito de dar lições de moral. dispenso-as bem, não que eu não reconheça justeza na argumentação de muitos defensores do NÃO, não é, infelizmente o seu caso. Você nunca me pareceu (pelos seus escritos) preocupado com a realidade existente, das mulheres, da vida delas, das crianças sem amor, das maltratadas e abusadas ou até mesmo da cidadania, com as sociedades despóticas, tiranias justicialistas, titulares da pena de morte e por aí fora. Não é, por isso, despiciendo o facto de, perante uma condenação à morte, a sua atenção ir, justamente, para o cumprimento da lei e não para os direitos do homem. Olhares... Sou um frequentador assíduo da maternidade sabe, conheço muito bem o amor das mães para com as suas crianças para ficar com problemas de consciência tal como você os sugere, problemas de consciência ficaria se as visse ou quando as vejo impedidas disso. Mas para você é tudo muito mais fácil, cumpra-se a lei.
Caro Stephens, não dou lições a ninguém de coisa alguma. Mas como tenho um tempinho até às 19 horas, aceito discutir consigo algumas coisas (não podem ser todas porque você vem com uma lista enorme e muito variada). Primeiro: ambos somos contra a pena de morte. Óptimo, excelente. É um bom princípio. Eu só não percebo é por que razão você é contra a pena de morte e sua aplicação a um facínora, na sequência de um processo judicial, e defende a possibilidade de se destruir a vida de um ser inocente no ventre da mãe. Que realidade entende você que justifica uma mãe poder abortar, se não admite que a trágica realidade da vida daquele ditador justifica que o mesmo seja condenado à morte? Isto é que é incompreensível no seu raciocínio e insiste em não me explicar.
A mãe deve poder destruir o filho por pretender esconder a gravidez dos pais ou do namorado ou do marido (ou por qualquer outro motivo); isso, na sua opinião, é justificável e deve ser defendido. É uma vida inocente que se perde mas não há cá chatices nem explicações a dar. Mas fica ofendidíssimo por aquele tribunal ter condenado à morte um tipo que matou quem se atravessou no seu caminho ou ponto de mira. O conjunto dos seus "olhares" é que não compreendo, conseguirá explicá-lo?
Voce VXL tem duas coisas boas. A primeira é que escreve correctamente os seus textos. A segunda é que não os entende na sua essencia e no significado. Treinando ainda chegará mais longe que o VPV.
"A mãe deve poder destruir o filho.." este e outros dislates do seu comentário dão de si (pode ser apenas aparente) uma péssima opinião que, diga-se em abono da verdade, é extensiva a outras matérias. Você está pouco interessado em discutir este assunto com alguma atenção aos argumentos, ao pensamento dos outros, às suas dúvidas e até às suas angústias. A si o que lhe interessa são chavões, palavras que doem, conceitos que ferem... "falar em mães que destróiem um filho" a propósito de uma interrupção até às 10 semanas onde não há normas, nem certezas sobre o estatuto de embriões e fetos é uma total desonestidade intelectual. quando você sabe que já hoje há excepções dessas consagradas na lei. provavelmente, como você diz, não consigo explicar o que você quer, nem sequer quero explicar coisa nenhuma, limito-me, como cidadão, a procurar entender situações que nunca desejaria que me acontecessem, pois ao votar SIM não estou a obrigar ou sequer pedir a alguém para abortar. É no fundo a extensão da actual lei que diz entre a vida de um feto e a da mãe, defende-se a da mãe. Ou pelo pelos dá-se a garantia de que a da mãe (actual ou futura) possa, pelo menos, ser defendida. Infelizmente tenho que o desapontar ao votar SIM, o meu mundo não é como o seu, a preto e branco.
PS - Acredito, se você o diz, que seja contra a pena de morte, mas olhe que não parece, nada!
Caro Praça Stephens, se você insiste em interpretar os meus textos colando-me essa ideia sobre a pena de morte, esteja à vontade: estamos ambos velhos para eu me substituir agora à sua professora primária e às obrigações que ela deveria ter cumprido ou à atenção que você lhe deveria ter dado, no caso de se tratar de deficiente percepção do texto escrito, e desculpo-lhe a falta de argumentos, no caso de o fazer apenas por má fé ou para desviar atenções. Mas por favor não ponha entre comas "destróiem um filho" que as pessoas podem pensar que eu escrevi assim e isso incomoda-me (mesmo não sendo um VPV). No mais, registo que pela enésima vez se abstém de debater as questões que lhe tenho colocado no seguimento dos comentários (muitos deles bem desagradáveis) que entende por bem fazer aos textos que coloco. Limita-se a atirar pedras de longe e a fugir, atitude que me abstenho de qualificar.
Caro Praça Stephens, Noutra situação, contexto e assunto já teria desistido de dar troco mas considero isto suficientemente sério para pacientemente insistir numa resposta sua, também séria, que me tem evitado dar. Diz agora que votar SIM neste referendo é votar numa "extensão da actual lei que diz que entre a vida de um feto e a da mãe, defende-se a da mãe". Permita-me que lhe recorde que neste referendo está em causa a possibilidade de se abortar sem que a vida da mãe esteja em perigo. Vencendo o SIM, a mãe passaria a poder abortar sem invocar qualquer motivo, apenas porque SIM, pelo que não está em causa a defesa da vida da mãe. Pode ser a defesa de uma tese, de um mestrado, do emprego, do silêncio, do encobrimento, da identidade do namorado, do amante, mas não a defesa da vida da mãe. De forma que o voto no SIM neste referendo não é uma extensão da actual lei coisa nenhuma: é a possibilidade de se abortar porque se quer, sem razão médica e sem que a vida da mãe esteja em perigo ou necessite de, por qualquer motivo sério, ser defendida.
Diz ainda que não há normas nem certezas sobre o estatuto dos embriões e fetos até às dez semanas. Se bem o percebo (está a ver?... Há formas simpáticas de exprimir dúvidas relativamente à interpretação de textos...), pretende com isso dizer que não há a certeza de que haja vida até essa altura. Nem vou rebater isso, pergunto-lhe apenas se, tendo essa dúvida ou incerteza, arrisca a vida de outro ser?
Caro VLX se quer escrever textos sem comentários pode muito bem fechar a caixa, não é de bom tom, você que é tão instruído, insultar as pessoas a quem disponibiliza o comentário. Adiante. Não lhe dou a resposta que você quer, sabe porquê ? Porque neste referendo não está em causa saber qual a minha/nossa posição sobre o aborto, nem tão pouco quando começa a vida tal como ela é geralmente entendida. A realidade é que com o meu voto SIM posso ajudar as mulheres, sobretudo as mais pobres e vulneráveis, a minimizarem os riscos da sua saúde e da sua vida (vida, tá a ver?) em resultado do aborto clandestino que existe e que deixa marcas. Poder salvá-las para a maternidade, para os filhos, para a família (para a vida tá a ver ?). Com este voto SIM, em resultado de estudos internacionais que o comprovam, é possível diminuir o aborto em resultado de uma maior presença e atenção do SNS para o assunto. Com o seu voto NÃO, não há nenhum aborto a menos, nem nenhuma vida a mais. Afinal você corre atrás de quê ? de princípios e proclamações grandiloquentes sobre a vida e a moral e todo esse bla, bla inconsequente para as mulheres continuarem a morrer nesta situação miserável ? olhe já dizia o evangelho, há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por 99 justos que não precisam de arrependimento.
Pronto, não quer explicar não explica (onde é que eu já escrevi isto?...). Ficaremos sem perceber essa sua bizarra ideia das vantagens da morte certa pela incerta, relativamente a seres inocentes. ps: caríssimo, se eu quisesse escrever textos sem comentários podia muito bem fechar a caixa. Quanto aos supostos insultos, confesso que as minhas brincadeiras não estão à sua altura pois já me chamou de tudo e eu continuo a responder-lhe como se nada fosse. Vantagens de termos conhecimentos comuns. ps2: vejo que continua com muitas dúvidas; se quiser fale-me. Acaso queira mesmo ajudar as mulheres mais pobres e vulneráveis existem várias formas de o fazer sem que, para isso, tenha de correr o risco de se sentir responsabilizado pela eventualidade de ter contribuído para a morte de um ser humano, ainda que intra-uterino. Não se vê, é certo, mas está lá e o coração dele bate. E - repare! - pode ser do sexo feminino: ainda ajuda duas!
como é próprio de escritos manhosos (repare, são apenas escritos, as pessoas podem até ser as mais melífluas) eu falo em alhos e você sempre em bugalhos. Martela, martela, sempre na mesma tecla... "responsabilidade pela morte de um ser humano... que até pode ser do sexo feminino", eu ? por votar sim ? mas quantas pessoas eu obrigo a abortar ? ou mesmo até aconselho ? se não soubesse (a julgar pelo que você mesmo diz) que é uma pessoa com muita sensatez, diria que nunca tinha visto argumento impregnado de mais má fé que esse. Não, meu caro VLX, não há uma vida a menos com este meu voto, mas podem existir muitas vidas mais. E você, com o seu, não se pode afirmar do mesmo. Tenho dúvidas, diz você com superior moralidade, enquanto rabisca o auto de fé. É claro que tenho, tenho muitas dúvidas, cada vez mais dúvidas. Sorte a sua que não tem dúvidas e, pelos vistos, também nunca se engana.
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