ABORTO: Os piores aspectos da campanha do referendo prendem-se com os extremismos que, por vezes, se encontram dos dois lados da barricada. Seja a radicalização dos "pró-vida" contra os "pró-morte" ou o aborto como bandeira da liberdade, como valor absoluto. Pior do que isto, só mesmo a transformação do referendo numa luta partidária. Nada mais absurdo do que uma orientação de voto partidária numa questão tão íntima como esta. E, seja qual for o lado vencedor, nenhum deles tem motivos para festejar. Se ganhar o "não", continua por resolver o problema do aborto clandestino e respectiva criminalização; se ganhar o "sim", considerando que cada aborto se traduz numa eliminação de uma vida humana, não me parece que o aumento do seu espaço legal de ocorrência seja motivo para festejos. Uma verdadeira vitória para todos seria aceitarmos democraticamente o resultado, seja ele qual for mas, por favor, sem foguetório e sem a lamentavelmente previsivel recolha de dividendos partidária.
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