Ouvi, com o prazer de sempre, Adriano Moreira, hoje, na TSF, enumerar as suas desconfianças sobre a adesão turca. Medeiros Ferreira fez o mesmo relativamente ao alargamento a Leste, Pacheco Pereira não cheguei a ouvir totalmente mas julgo que concordou com Medeiros Ferreira. Algumas discordâncias: O processo europeu tem semelhanças com o espraiar do mundo grego no século IV ( a.C.). Crotona , Régio, Tarento e Siracusa no Mediterrâneo setentrional, Cirene ( na actual Líbia), que abastecia as cidades gregas de cereais, e, sobretudo, as regiões pônticas ( litoral do actual mar negro e parte da actual Turquia), constituiram os espaços do alargamento grego. Adriano Moreira disse que fronteiras amigas ( como Marrocos ou a Tunísia ) poderiam requerer o estatuto turco, bem como assinalou que, se a Turquia aderir, as fronteiras da nova UE passarão a ser pouco amigáveis. Medeiros Ferreira fez eco do sentimento de perda de identidade europeia com a inclusão de letões, romenos e Cª. Nas regiões pônticas, Atenas ocupou o lugar dos persas depois das guerras médicas e, tal como na Cirenaica dos Batíadas, beneficiou do alargamento. Do norte ( Cítia e Querquoneso) ao sul ( Bitínia e Heracleia), a influência grega retomou a antiga ligação ( o que diferencia as situações, naturalmente). Seja como for, para o império grego, o alargamento foi benéfico, uma vez que a continuidade cultural não dependia da homogeneidade do território. A Grécia do século IV limitou-se a usar a moeda e a influência junto das elites políticas. Os novos espaços prosperaram, mas também é verdade que a extensão grega deu posteriormente origem a movimentos nacionalistas-tribais no século seguinte. Enfim, o que é preciso saber é se a Europa escapará ao destino dos Psilos ( habitavam a Tripolitânia) tal como Heródoto o descreve: vizinhos dos Nasamões, fizeram uma expedição contra o vento do sul, que os derrotou, soterrando-os sob a areia. Há quem diga que não foi o vento, mas os vizinhos Nasamões.
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