KLAUS MANN, HOMOSSEXUALIDADE, FASCISMO E SOCIALISMO:
O artigo foi originalmente publicado * na revista Europaische Hefte, Praga, véspera de Natal de 1934. Na URSS acabava de sair uma lei brutalmente repressiva da homossexualidade e Mann suspirava: No país que queríamos o mais esclarecido, o mais progressista do mundo, a forma de amor que evocamos é abjectamente reprimida . Mann não esperava nada dos nazis e dos fascistas, mas não compreendia por que motivo a esquerda europeia queria fazer do homossexual o bode expiatório, o "judeu" dos antifascistas. Também se interrogava por que razão nos jornais anti-fascistas lemos as palavras "assassinos e pederastas" quase tão frequentemente reunidas como " traidores e judeus" nos panfletos nazis. Mann não compreende. No século XX, nazis, comunistas, fascistas ( e o Islão radical) , todos prometeram uma "ordem nova ". A recusa da homossexualidade residiu na força do regresso às relações naturais, à fantasia do grupo primordial ; dessa forma, tudo o que fosse artificioso, construído, não-natural, pertenceria exclusivamente ao campo da teoria política ou da promessa salvífica. O elemento nacionalista fornecia também o link para a repressão homossexual, pois sangue / terra e honra / pertença eram pares definidores do naturalismo grupal. Tudo o que fosse diferente era perigoso.
* Utilizo a versão publicada no Magazine Littéraire de Setembro de 1996, tradução de Lionel Richard.
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