O HOMEM É REALMENTE UM ACHADO: António Costa avisou que, se ganhar a CM de Lisboa, vai pagar as dívidas da dita a todos os fornecedores até certa quantia e durante o mês de Outubro. Intrigado, esperei pela solução milagrosa: onde iria ele buscar o guito? O truque, explicou seriamente o candidato, é fazer uma panelinha com o governo, que lhe dá as autorizações necessárias (se calhar até já deu), e pedir um financiamento. A solução é um achado, só ao alcance de um alfacinha genial: doravante e para o futuro, todos vão pagar as suas dívidas. Serra Leoa já avisou que vai pagar as suas dívidas todas, a data precisa do pagamento será indicada quando o novo financiador aceitar o encargo. Diz que o Sudão vai fazer o mesmo. As empresas rejubilam, a Associação Nacional de Municípios interroga-se sobre a razão de nunca ter pensado na coisa. Os bancos esfregam as mãos às comissões. Eu próprio já avisei o meu gestor de conta de que lhe vou pagar tudo, de uma só vez, assim que um novo banco me aceite emprestar o pastel necessário. Talvez até um pouco mais para uma BMW que ando a namorar intensamente para passear nas rotundas. Afirmar-se solenemente que se pagam as próprias dívidas com dinheiro emprestado dos outros é o sonho de qualquer um! António Costa concretizou o seu. Eu só não percebo é o que os outros candidatos andam a fazer.
O tabloide Xavier alia à sua habitual argumentação manhosa também agora a falta de verdade. Bem sabemos que o seu candidato sr Telmo não arranca nas sondagens, nem lhe merece um átomo de prosa, mas também não é razão para afirmar aqui o pior de si. António Costa nunca disse que ia pedir um empréstimo ao governo para pagar dívidas de curto prazo, naturalmente, você, como bom liberal e defensor da iniciativa privada, não se importa que as câmaras de direita em Lisboa assumam dividas astronómicas com pequenos fornecedores, sem cuidar de lhes pagar. O que ele disse foi que iria assumir a responsabilidade desse pagamente de acordo com as condições financeiras que a finanças municipais lhe permitirem. Para além disso, todas as autarquias em situação de grave dificuldade económica podem estabelecer com o Estado acordos de incidência financeira para fazer face a encargos assumidos e não pagos. O que o devia envergonhar, caro companheiro Vasco, é o facto dos executivos camarários da direita não terem capacidade para pagar os encargos qyue contrariam e não quem quer honrar esses compromissos. Realmente, até a seriedade intelectual anda pelas ruas da amargura.
Mas a cidade contrai nova dívida, desta feita de gratidão. com o senhor Costa e o seu altruísmo!E também promete um segundo pulmão da cidade, na Portela. Se for necessário não mexe nos impostos e cria 150 000 postos de trabalho, só na capital!
não percebo porque é que esta malta complica. O simples, melhor, eu diria mesmo que, linear e verdadeiramente português, é criar o calote assumindo logo (mas sem dizê-lo, claro está) que não se vai pagar. Porquê complicar?
Já teve resposta do Governo quanto ao seu plano de salvação da contas da CML?
O Governo não dialoga com candidatos, dialogará com o próximo presidente. E chamo a atenção que, nos termos da Lei das Finanças Locais, ou a câmara toma a iniciativa ou o Estado é obrigado a intervir. Lisboa já violou todos os limiares de solvabilidade das suas finanças: neste momento, a dívida a fornecedores é 85% da totalidade da receita do ano anterior. Acho que a câmara deve tomar a iniciativa. É essencial para poder consolidar o passivo, renegociar a dívida, pagar aos fornecedores e submeter-se a um rigoroso exercício de disciplina financeira de pagamento das dívidas.
O próximo post será um pedido de desculpas, companheiro Vasco. É o mínimo que você pode fazer!
Stephens, vou fazer mais, vou tentar fazer com que você perceba o que é escrito por mim e dito pelo seu candidato. O candidato A Costa anunciou que iria pagar as dívidas da CM Lisboa até Outubro (deixemos os pormenores de lado). Como? Pedindo permissão ao Governo para a CM se endividar ainda mais, juntar as dívidas que iriam ser pagas e ficar a dever o montante global só a uma pessoa, só a uma entidade (financeira, presumo que um qualquer banco da nossa praça, nunca escrevi que ele iria pedir a massa ao Governo, era o que mais faltava). Ou seja, ninguém "paga" as suas dívidas ficando a dever a outro. Se você pede dinheiro emprestado para pagar o que já lhe emprestaram, o seu passivo é igual. Percebeu agora? Então agora deve ter percebido também as minhas brincadeiras sobre o assunto, a bmw e tudo o resto. Assim tem mais piada o post, não é? Quanto ao tal "rigoroso exercício de disciplina financeira", não ouvi o candidato falar disso nessa altura. Ele limitou-se a dizer que iria "pagar" as dívidas e isso é falso, como já deve ter percebido. E percebemos ambos também (eu, já há alguns dias...) os interesses deste negócio: é que depois fica mais fácil negociar com a entidade financeira a entrega de um terreno, a cedência de espaço, a possibilidade de construção, enfim, uma negociata qualquer para liquidar o passivo que, dividido por milhares de credores, não permitiria o cozinhado. Afinal é tudo muito simples, não é? Saúde.
Agradeço, companheiro Vasco, esse seu hábito cristão de fazer ver a luz a todos aqueles, como é o meu caso, que teimam em permanecer na penumbra, sobretudo, na penumbra da compreensão das suas geniais ideias. Diz o meu amigo que quando afirma que A Costa fez uma panelinha com o governo para pagar as dívidas de curto prazo da câmara, não quis, de modo algum, claro está, afirmar que o governo estava a favorecer um candidato em detrimento de outros, merecendo por isso a censura de todos. Não, pois é claro, o meu amigo, quis apenas glosar com o facto de que um acordo de incidência financeira com o governo, por parte das câmaras incumpridoras dos seus encargos, que lhes permite dilatar no tempo a satisfação desses compromissos, significa apenas pagar dívidas e deixar de ter responsabilidades com quem ajudou a liquidá-las. Podia ter dado o exemplo do empréstimo do Deco ao Alverca que me eriçava muito mais em vez de ter rejubilado com um exemplo de esquerda balnear que metia BMWs e tudo. Olhe, companheiro Vasco, para além da sua salada de batata que, a julgar pela tradição do seu comentário político, certamente é preparada sem um pingo de azeite, esse ingrediente de excelência, o que eu gostava mesmo de o ver escrever, sem qualquer possibilidade de êxito, é evidente, era sobre Jacinto Leite Capelo Rego. ehehehe deve ser mais fácil comer da sua salada...
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