Quando Campos e Cunha, ministro das finanças de um governo cuja preocupação quase exclusiva era as finanças, se demitiu ao fim de alguns meses, onde estava a agora agressiva e inquisitiva classe jornalística? Calada e sossegada. Como a nêspera do Mário-Henrique Leiria. Tem sido sempre assim. Nos primeiros tempos de um governo forte, os media acotovelam-se para ocupar os melhores lugares da pantomine tournoi. Tudo permitem, tudo deixam passar. O povo legitimou o chefe e eles não querem estar contra o povo. Assim foi com os primeiros anos das maiorias absolutas de Cavaco ( como ele próprio conta); assim foi com a actual ministra da educação que abanou logo os professores, nessa altura ignorados pelos media. Quando a coisa começa a aquecer, os media reassumem a posição de controlo. É uma forma de poder como outra qualquer. Os media só têm poder quando transmitem o natural desconforto de alguns sectores do "povo" ou quando amplificam - distorcendo se puderem - as mais irrelevantes historietas. O poder é um atributo que depende da situação dos actores, e nada torna mais irrelevante o peso mediático do que os primeiros anos de um governo de maioria absoluta. Por outro lado, quando a agenda do governo cobre os temas caros às redacções - normalmente os "fracturantes" - a vigilância abranda. Quem sabe, sabe. Se Sócrates voltar a ganhar folgadamente, assistiremos ao eterno retorno, com direito a champagne no avião para Luanda e tudo. Nos primeiros tempos.
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