É curioso que na "era tecnólogica" as primeiras directas no PSD não tenham merecido um par de debates em canal aberto. "Era tecnólogica" significa não só a parafernália propriamente dita, mas também uma evidência que toda a gente repete: as pessoas estão afastadas dos partidos. Ainda há uns meses doutas teses se escreviam sobre as intercalares lisboetas e o triunfo dos independentes. Agora, com a faca e o queijo na mão, os políticos preferiram os ( velhos) ossos do ofício. Isto acontece, em parte, devido a um velho princípio do renovamento político-organizacional. Quando a renovação ( virtuosa ou infame, isso não interessa) avança, representa geralmente a periferia, cabendo ao poder instalado a ocupação do centro. No caso do PSD isto foi visível: Meneses/ periferia, Mendes/ centro. O núcleo central do poder social-democrata, sabendo disto, evitou, e bem, os debates televisivos abertos e concentrou energias no controlo do pagamento das quotas. Um par de debates televisivos em canal aberto permitiria aos movimentos periféricos um nivelamento posicional; a tónica em questões burocráticas, classicamente centralista, mostra quem ( ainda) manda.
Adenda: Meneses a discursar em directo para as televisões num setting azul-bebé mostra como até as melhores agências de comunicação sofrem com a periferia.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.