Aqui há tempos, o dr. Goulão, presidente do IDT, dizia ao DN ( 12 de Julho 2007) que desconhecia o khat, essa "nova droga que estava a entrar em Portugal", segundo o jornalista. Louve-se a sinceridade e perdoe-se a ignorância, mas talvez consigam tirar o azimute: se o presidente do IDT revela este tipo de desconhecimento, imaginem a bagagem dessa mole imensa de "técnicos especializados em toxicodependência" que pululam no país. Em Portugal, essa "nova droga" é conhecida desde os tempos de Garcia da Orta e Cristovão da Costa ( Colóquio nº 31), ou seja, pelo menos desde 1563. O khat ( ou qat) é também descrito em qualquer bom manual sobre susbtâncias psicoactivas ( Weir 1985, Rudgley 1988, etc) e menciono-o nas minhas aulas há muitos anos ( tem um interesse marginal mas incontornável na história da moda das drogas). O khat é utilizado no Iémen e boa parte da África Oriental e se, como diz Rudgley, assistiremos ou não à extracção de alcalóides mais potentes é outra conversa. No caso do dr. Goulão, que julgo ainda ter conhecido nos meus tempos e que creio ser um técnico competente, isto é um detalhe. É, no entanto, uma boa amostra. Se descermos na escala da ignorância incrível e oficial do IDT ( e essa conheço-a bem) encontramos centenas de señoritos satisfechos que decidem e opinam sobre os mais variados aspectos das políticas de droga. São mais ou menos como cirurgiões encartados que procuram o coração no fígado.
Essa lembrou-me uma coisa que costumo ouvir da minha irmã que é advogada e que muitas vezes é nomeada oficiosa na defesa dos drogaditos, diz ela que a ignorancia dos magistrados em relação a drogas e toxicodependência é em muitos casos superior à do que seria de admitir ao público em geral, e no entanto têm o poder de os julgar...
Erro terrível! Não caia nessa de julgar os subordinados pelo superior hierárquico... Julgue sim o serviço no colectivo, que é a imagem do tal. Mas não os técnicos.
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