Uma das coisas interessantes no Mal ( esse ramo da árvore geral, como dizia o cabeça de dinamite) é, como se sabe, a sua técnica dos pequenos passos. Um dia faz-se uma coisa que, sendo incorrecta, não resulta em dano de maior para terceiros. No dia seguinte repete-se. Uma semana depois avança-se um bocadinho: logo se vê. Um exame das circunstâncias indica que ainda nada de gravoso aconteceu. Continua-se. Quando, por erro de cálculo, ocorre um mal irremediável, julgamos ser tarde para devaneios éticos. E com razão: se não nos ocorreram antes, para quê agora? O Mal impõe então a sua lógica: é preciso um grande para remediar os pequenos. De fora, o praticante pode parecer um louco ou um monstro. Isto acontece porque o público vê apenas o resultado final. Dir-me-ão que é precisamente o resultado das nossas acções que conta. Sem dúvida. No entanto, experimentem sentar-se na vossa sala, à noite e às escuras, em silêncio. Pensem em todas as coisas malévolas que já vos apeteceu fazer: têm a certeza que foi sempre - e apenas - a ética que vos impediu?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.