Na mesma semana em que sabemos que o Procurador-Geral da República pode ter o telefone sob escuta, um autarca de foi sovado por populares em Tarouca. A GNR esteve presente porque o autarca tinha sido recebido a tiro uns meses antes. Ainda assim, um guarda foi ferido na refrega. O Estado dispõe hoje de um arsenal repressivo fabuloso: forças especiais, várias polícias, pistolas novas, prisões sobrelotadas. É impedioso na luta contra a morcela caseira, bate sem piedade em pretos vagabundos, coloca radares nas estradas, entra em polvorosa por causa de uns desmiolados que invadem um campo de milho. No entanto, é frágil: o chefe está sob escuta, um autarca pode ser morto por causa de um caminho vicinal ( aqui há tempos um foi mesmo morto), a Guarda é recebida à pedrada e a tiro qual matilha de cães raivosos. Há uma dissonância evidente, as pessoas percebem isso. Quando um preso preventivo é posto em liberdade, os media uivam como lobos e o aparato é enorme; quando o Estado é enxovalhado num rincão longínquo, a notícia é de rodapé. O Estado parece reservar para si o monopólio da violência no sentido em que a exerce apenas quando e como quer. Não é de admirar que o Procurador-Geral se junte aos protestos: ninguém governa a casa.
Não é bem isso! Não é do teu tempo, provávelmente nem do meu, mas pergunta aos velhos, o que foi a guerra da água-pé. Antes do 25. A Patuleia dedica-se aos comes e bebes. E à linha de água. "Sou rei na minha casa" - eis o lema lusitano. E venham polícias e ladrões, estado e constituição, europa, mundo, globalização: " a mim ninguém me agacha!"
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.