Não consigo encontrar a ficha de Haji Ayub, dos Afridi, nos arquivos da DEA. É estranho porque Ayub foi um dos drug lords extraditados para os EUA durante o segundo consulado de Benazir Butto ( 1993-1996). Muita coisa estranha se passou nessa altura em matéria de combate ao narcotráfico. Pervez Musharraf, na altura cabo de guerra do Batalhão de Comandos, ganha o apoio do sector, porque vai para o Ministério do Interior controlar o General Babar que ficou responsável pelo teatro afegão. Mohammad Aziz ocupou o posto de DG dos ISI até Sharif suceder a Butto. A principal secção dos ISI, a Joint Intelligence North, ficou resguardada do novo DG dos ISI, o general Ziauddin. É aqui que Musharraf ascende, definitivamente, ao poder no Paquistão. Ganhando as estrelas de Chefe do Estado Maior do Exército em 1998, passa a controlar, por inerência, os ISI e todas as suas secções. Haji Ayub, o nosso traficante célebre-misterioso, tem uma história extraordinária: é eleito deputado em 1990( nas quotas tribais), depois do primeiro golpe contra Butto; muda de lado pressentindo a primeira queda de Sharif e passa a trabalhar alegremente com os taliban; em 1995, reaproxima-se dos americanos por intermédio de Butto e é então preso. Diz-se em Peshawar que ele sabe muito sobre os negócios do marido da senhora Butto. Talvez por isso, quando regressa dos EUA, em 1999, é novamente preso por ordem de um Sharif ( que estava no seu segundo mandato) muito interessado em arranjar armas contra a rival feminina. A partir daqui Pervez Musharraf passa a controlar as operações e só fala quem ele quer. O general tem muitos problemas na fronteira leste, no Sindh e em Karachi, os militares pressionando-o sempre para intervenções mais musculadas, mas é o ópio que nos interessa. Os ISI enriqueceram imenso durante a ocupação soviética do Afeganistão e são neste momento um factor chave no ataque à produção de ópio em Kandahar. Musharraf , trabalhando na sombra desde 1999, sabe que não controla todas as dependências do serviço que chefia. O regresso de Butto coloca aos americanos um problema bicudo: dependem de Mushrarraf para controlar os ISI ( e o ópio afegão), mas desejam Butto para contrabalançar Musharraf (e também para acalmar a pressão militar sobre o general).
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