Uma das mentiras mais desmentidas pela história das drogas ( se excluirmos o fuzilamento dos drogados) é esta: "a tolerância gera o consumo". Assistimos hoje, em Portugal, a um retomar desta tese. O sucesso desta ladainha é, em certa medida, um açoite bem aplicado à ignorância e incompetência alegremente promovida pelos burocratas modernaços do SPTT/IDT ao longo destes anos. Só asim se explica que ideias que foram desmentidas pelos factos - como as do dr. Pinto Coelho - não suscitem o riso geral. Nos anos 80, Ronald Reagan e Nancy Reagan lançaram a última cruzada, apoiados no Parent's Movement: " Each of us has a responsability to be intolerant of drug use anywhere, any time, by anybody." Reagan nomeou um pediatra ( o dr. Ian Mac Donald) Drug Czar, numa mensagem infelizmente explícita. A redução da oferta era a linha mestra da política Reagan, isto numa altura em que os carteis colombianos se reorganizavam e os mexicanos assaltavam o pote. Enquanto Reagan representava, o pessoal da pesada trabalhava. O resultado foi o que se conhece: os EUA entraram na década de 90 com níveis históricos de consumo e de importação de cocaína. Se as intenções de Reagan eram boas e as do Parent's Movement talvez, o resultado foi desastroso. A redução da oferta - e consequente redução da procura - é um exercício combinado que exige condições muito especiais, como já aqui referi diversas vezes. Com os produtores lá fora e com um regime respeitador das liberdades civis lá dentro, os EUA contentaram-se com a retórica. Perderam tempo, atrasaram linhas de investigação e desleixaram o contra-ataque aos narcoprodutores. Só Clinton retomou mais tarde, com o Plan Colombia, a direcção certa.
Eu seu que não é poibicionista mas diga-me que acha aberrante a campanha recente do I. da Toxicodepndência nas escolas em que se aconselha aos jovens alunos a quem é destinada, preciosidades como :"alterna a narina com que snifas", "não uses tubos de outros", se "consumires LSD fá-lo acompanhado de alguém experiente par não teres uma "bad trip"", etc.. Isto não é real pois não?
Não, não é real: consulte a imprensa de hoje e constatará que a própria Associação das Famílias Numerosas "reconheceu" que afinal esses panfletos não foram para as escolas. Mesmo assim, este tipo de campanhas não me agrada,por razões que um dia explicarei com um mínimo de rigor.
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