O que se aprende com velhos. Desdentados, diabéticos, recheados de artroses, analfabetos, vêm de longe. O que se aprende não é a "simplicidade encantadora" ou a receita de cozinha tradicional. Nem sequer a suposta sabedoria popular. O que se aprende é a resistência. Vivem rodeados de máquinas que não usam nem entendem, vivem com uma pensão que mal me chegaria para os robalos mensais, vivem com medo de sair à noite, vivem com a televisão. E, ainda assim, resistem. Aprendemos com estes velhos o que esperamos não ter de usar mais tarde.
Às vezes vou a casa desses velhos, "tirar-lhes" sangue para análises, velhos que já nem andam, acamados em casas velhas, arrumados em garagens, isolados, desamparados. Mas resistem sim. Misérias que não se vêem na TV nem nos relatórios oficiais, misérias escondidas.
E vale a pena resistir nessa miséria? Ou o mérito é mesmo só resistir, mesmo quando o único sorriso desdentado que surge é semanal, muitas vezes, provavelmente apenas quando lhe vão fazer colheitas ou alguma tratamento. Muitos deles nem TV têm para poderem sorrir desdentadamente enquanto vêm mais um "Preço Certo em Euros". Resistência sim...
Sim. Tenho a noção disso. Têm um espirito lutador, de resistência a todas as adversidades, não apenas financeira. Alguns deles são um exemplo a seguir.
A resistência pode ser um último grito, silencioso,de pedido de ajuda- a força dessa força invisível. Lembremo-nos também da forma como resistiram e resistem muitos prisioneiros. Há quem lhe chame também resiliência.
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