Tenho à minha frente a factura* de uma farmácia parisiense ( Troty-Girardière) passada à Madame Perrin, nº89 Avénue de Versailles, com a data de 31 de Dezembro de 1884. A Madame gastou vinho de coca ( Vinho Mariani) e láudano de Sydenham ( tintura de ópio). Há um retrato de Thomas Sydenham no All Souls College de Oxford: um homem banal e sereno, que fugiu da peste que assolou Londres entre 1644 e 1666. Sydenham dizia que a hipocondria era o equivalente masculino da histeria e prescrevia o preparado a toda a gente aflita da alma. A Londres do século XVIII continuou a usar o láudano em quantidades apreciáveis. A cólera, o reumatismo, a água infecta, também eram causas do consumo do célebre pain killer. A realeza não o dispensava, embora por razões, digamos, mais espirituais ( Jorge IV era um grande consumidor). Nesses tempos, incluindo a Era Vitoriana, o consumo do ópio ( a parte indispensável da fórmula de Sydenham) era tão normal como respirar. A "desmoralização da sociedade" não passava pela papoila. E ainda não passa.
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