O amor exige partilha, dizem. Deve ser por isso que os ciúmes são tão mais intensos quanto maior e mais rico for o território a partilhar. Falemos de três: Sogra e nora são agências com licença para matar, porque disputam um território indivisível. O melhor que o infeliz pode conseguir é o estabelecimento de um Paralelo 38. A paz é um trabalho de Sísifo.
O ciúme sexual é uma questão eleitoral: quem está inscrito e quem não está. É um sentimento obrigatório, a menos que entendamos como natural a monogamia. Os bruxos licenciados dizem que o ciumento é um inseguro, mas ele é apenas um burocrata eficiente: o seu círculo eleitoral ( às vezes literalmente, do ponto de vista geométrico) tende a ser permanentemente ocupado, logo tem de ser sistematicamente vigiado. O ciúme fraternal é a guerra civil. Disputa-se tudo: o nome, os recursos, a precedência. A originalidade deste tipo de ciúme é a sua longevidade: muitos anos após os pais terem partido, os irmãos ainda disputam a preferência filial. É uma guerra simbólica e eterna.
Sobre ciúmes de sogra não escreveria um "excelente texto" (aproveito para agradecer o cumprimento - obrigada)mas um tratado, se possível mais fastidioso que a própria!
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