O Iraque foi invadido em semanas e depois instalou-se uma resistência à ocupação, tal como no Afeganistão. É curioso verificar que se fala de "guerra no Iraque", mas para o Afeganistão utiliza-se o termo "situação" ou "combate ao terrorismo". As comparações com o Vietname são pueris: o Irão não desempenha o papel da China, o sistema global de alianças não é o mesmo. Depois de uma invasão muitas coisas podem acontecer. Em 1940, em França, Reynaud e Weygand não mobilizaram os 500.000 alistados nem a (ainda intacta) "terceira melhor força naval do mundo" contra os nazis. Por outro lado, a compaixão não explica tudo: no Ruanda morreram 600.000 pessoas em cinco meses perante a indiferença absoluta de pacifistas, actores e intelectuais europeus e americanos. O que se pressentiu - recordam-se da previsão que Bagadad iria ser a "nova Estalinegrado" e que os americanos passariam a ter petróleo barato? - , e bem, foi que os EUA , caso tivessem tido sucesso, alargariam a sua esfera de influência, de modo decisivo, numa zona - o Crescente Dourado - onde fizeram sempre o papel de parvenu face ao domínio francês, russo e britânico. E numa zona onde explodem autocarros cheios de crianças, os americanos ficaram aflitos com imagens de um sargento a ameaçar um prisioneiro com um cão. Estudassem mais. Seja como for, a diabolização da operação iraquiana teve sempre uma agenda flexível: primeiro ia ser um fracasso, depois ia ser um passeio de rapaces, depois voltou a ser um fracasso. Os europeus, que só deram conta do genocídio nos Balcãs quando a Jugoslávia foi afastada do campeonato de futebol de 1992, não perdem agora a oportunidade de assobiar para o lado. Como dizia De Gaulle, uma praça cercada está muito próxima da rendição quando o governador começa a falar disso.
um post genuinamente neocon. nem a ideia de superioridade contida na frase sentenciadora "estudassem mais", lhe diminui o traço. não há nada que faça ferver mais os meus azeites de esquerda do que um post neocon. pior ainda só um post neocon dissimulado, como este. de de gaulle, meu bom filipe, vale bem mais a frase: L'avenir est au métissage. do ponto de vista do combate ao terrorismo, se quiseres, à barbárie, vale muito mais uma do que a outra.
"Neocon"? A forma como a esquerda anquilosada reciclou o velho epíteto "capitalista" é divertida. Quanto ao resto, como de costume quando não te agrada, não discutes nada.
O assobiar para o lado também é relativo. Por isso os europeus nada contam na cimeira sobre o Médio Oriente. Vamos a ver o que contam na Cimeira Europa-África porque na Cimeira Europa-China recolhem uma doce condescendência. Persisto em pensar que um dia por causa da Turquia ainda nos vamos aborrecer uns com os outros.
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