Todos os prazeres são presentes na sensação, passados na memória ou futuros na esperança, sentenciou ( Retórica, Livro I, XI) um dos maiores especialistas em toxicodependência que conheço: Aristóteles. O estagirita, ainda que desconhecedor das potencialidades da via meso-cortico-límbica e dos circuitos da dopamina, sabia tudo. Acerta no vinte quando explica que o destemperado facilmente se vicia num prazer se não conhece outros : um puto dos bairros de ferro que leva do padrasto todos os dias, que nunca ouviu Bach e que quase não sabe ler, naturalmente encontrará na heroína um céu de mel. Como hoje somos crianças perfeitas, os nossos vícios são sempre culpa de alguém, mesmo quando pudemos escolher livremente.
O fim do mês trar-me-á leitão do Vidal e chanfana do Baeta, talvez rematados com um Romeo y Julieta, Churchill, se a miserável Coimbra me permitir a renovação do stock. A culpa? Dos deuses e dos amigos, dois tesouros felizmente ainda ao abrigo dos cossacos de pantufas.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.