Ao fim de alguns ( poucos) anos os meninos passam a dividir-se por duas ( ou mais) casas, porque os papás já não sentem o "clique" erótico. Por que motivo os papás exigem o tal "clique" da relação com o parceiro de tantas insónias é coisa que merece curta e singela análise: A sobrevalorização do sexo acompanha uma menoridade emocional que transforma as relações de longa duração num lamentável equívoco. Um casal que partilha a cama há uma dezena de anos não tem, obrigatoriamente, que manter "clique" nenhum. Esse sexo deve ser fisiológico, limpo de lamentações e deserto de tristezas. O puritanismo conjugal ainda convive mal com a naturalização das modas sexuais e por isso os casais julgam poder levar para casa a cartilha suburbana da "ousadia das posições", das fantasias dos vídeos e a mais variada tralha terapêutica. O resultado é, naturalmente, desastroso. Existem hoje cenários suficientes fora de casa para os papás ensaiarem a psicoginástica erótica que tanto os atrai. Não faltam parceiros disponíveis, tecnologias de contacto, vontade geral. Que o façam discretamente e deixem os miúdos crescer sossegados.
Tenho imensa preguiça de fazer copy paste dos posts desta série. Mas apetece-me. Isto tornou-se num caso tão sério que me ultrapassará a razão caso não venham a aparecerer em livro. Seria muito mais útil que qualquer outro com locubrações políticas, profetizo. (assim vai a educação sentimental no séc. XXI).
Para a campanha já tenho 1 t-shirt ODI ET AMO, por caso lindíssima
Óptimo. Como não sou um iluminado, escrevo para ser lido (embora goste de saber com quem estou a falar, para o bem ou para o mal). Quanto a t-shirts, só de SLB.
Mas não está a defender o "faz lá (fora) o que tens a fazer mas sê discreto(a)" tão salazarento, pois não? Percebo a ideia principal mas mal explicado é ao que se chega....
Filipe, hoje apetece-me comentar a "série fabulosa" (ganhámos ontem sabes...). usas a metáfora sexual, um pouco como os médicos usam a cortisona, dá sempre resultado ;) E a metáfora sexual dá, pois, sempre resultado num blogger, pelo que tenho visto, muito apreciado por solteironas, viuvas ou mal... casadas ;) Mas podias ter ido um pouco mais além na verdade das tuas palavras (eu sei que isso atormentaria o teu recatado público leitor, quiçá VLX, mas também é verdade que já tens um capital de confiança nos leitores que te permite ser mais um pouco mais audaz). Convém dizer (espero), por outras palavras, o sentido das tuas. Ou seja, a apoteose da sociedade de consumo em que vivemos dá-se com a sua extensão à esfera da vida privada e, dentro desta, à sua expressão mais intíma, a vida sexual. como dizia Lipovetsky é, no fundo, a co-presença flexível das antinomias na sociedade de hoje, discreta e pornográfica, materialista e psicológica, inovadora e reaccionária etc, etc,. A questão dos filhos é, por isso, aqui, um pouco irrelevante. A intenção é boa, embora um pouco ingénua ;)
JP: esta série já teve muita morte, tempo,família, etc. Não é só sexual. Helena: agora é que me apanhou. Como é que vou justificar uma coisa parecida com essa sem que você me enquadre no "salazarismo"? Veremos...
Por muito que aprecie o desfolhar de um bom livro (quer tenha ou não de oferta uma tshirt, de preferência "não clubística"), agrada-me encontrar a "saga" odi et amo assim, como está. Nesta, especificamente, não concordo com nada, além de "deixem os miúdos crescer sossegados". Mas eu não sou psi...
Ora, cá estamos a comentar o inevitável! É certo que "no antes" todos pensamos que vai ser sempre assim "no depois". Valham-nos a recordações! Parece-me que o problema - o tal que vai desembocar nos "meninos nómadas" que, por vezes, só servem de desculpa à inércia - é que "no antes" já existe só o "clique" ou...pouco mais!Porque a partilha de uma certa forma de ver a vida e o mundo, os interesses comuns, o companheirismo, aquele (como dizia o/a outro/a)"olhar na mesma direcção e não só um para o outro", ajudam a superar obstáculos bem mais desagradáveis e mesmo dolorosos, fazendo durar uma relação de qualidade e... Surpresa...de vez em quando até fazem renascer - ainda que temporariamente - o tal "clique". Esquece-se que o outro não é "nosso", que os filhos não são "nossos" (é uma força de expressão, porque que não os tenho)mas convenhamos que o sentimento de propriedade que nos é característico enquanto povo torna tudo muito complicado!
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