É conveniente não esquecer a responsabilidade colonial no propagamento do marxismo em África, do qual resultou, em boa medida, o caldo de terror e miséria actual. Basta ler Malraux - bem no coração da descolonização - para entender: o dinheiro ganho não foi investido. Qualquer português sabe que em Angola, por exemplo, não houve um pingo de investimento nas elites negras. Desenvolvimento agro-industrial, sobretudo nos últimos anos, sem dúvida; mas quadros e elites passíveis de exercer dominação legítima, não. A crença na inferioridade natural do negro disfarçava apenas o receio. O negro médico, ou polícia, ou professor, não podia existir sob pena de querer ser mais qualquer coisa; naturalmente independente, como aconteceu na Índia. O marxismo-leninismo, de pacotilha ou não, encontrou muito mais do que uma desigual distribuição da riqueza. Encontrou gente que não sabia que podia ser rica e que não tinha os meios para o saber. Tal como a revolução comunista começou na Rússia branca e desproletarizada ( em vez de incendiar o proletariado alemão ou francês), também o socialismo africano se alimentou dos despojos de uma Europa que em África, em meados do século XX, se comportou como se estivesse ainda nos séculos da conquista. E a História não perdoa.
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