SEMANA DECISIVA: Depois das eleições para o Congresso americano em Novembro de 2006 escrevi aqui que o modelo Bush/Rove de vitórias eleitorais se tinha esgotado: a ideia de que as eleições se ganham mobilizando os eleitories fiéis através da criação de factos políticos fictícios ou reais que dividam os eleitores em escolhas claras e sem compromisso. As eleições de Novembro de 2006 mostraram que o centro político na América, que esteve cativo dos republicanos desde o 11 de Setembro, se tinha libertado - ou seja, o swing vote tinha renascido. Como muito bem se explica aqui, neste ciclo eleitoral, os maiores sucessos até agora provêem de candidatos que representam a antítese dessas teorias eleitorais: Obama e John McCain. Alguns dados de ontem à noite reforçam esta convicção. O eleitorado republicano, acompanhando o resto do país, tem-se deslocado para a esquerda - nas sondagens à saída das urnas de ontem, apenas 27% dos votantes republicanos se afirmavam como very conservative, os restantes eleitores republicanos afirmavam-se como conservadores moderados ou simplesmente como moderados ou liberais. Isto é muito diferente do que se passava há poucos anos atrás em que o número de auto-proclamados conservadores era esmagadoramente maioritário dentro do Partido Republicano. Esta evolução permitiu a vitória de McCain sobre Romney - McCain tem o apoio dos conservadores em segurança e política internacional, mas sofre desconfianças por parte dos conservadores morais ou económicos que tenderam a votar em Romney. Para McCain esta vitória foi fundamental - foi a sua primeira vitória num Estado em que a primária era "fechada" - só votavam eleitores registados como republicanos. McCain conseguiu assim juntar ao seu inegável poder de atracção sobre independentes e democratas conservadores a capacidade de ganhar dentro do eleitorado tradicional republicano. Com a desistência de Giuliani a seu favor e se este, como se prevê, fizer campanha por ele no Nordeste, McCain está lançado para esmagar na Super Tuesday e segurar a nomeação republicana. Desta forma, pode dar-se o impensável há algum tempo atrás - a nomeação republicana estar decidida antes da escolha democrata. Isto é relevante porque uma eleição primária mais rápida dá mais tempo para a criação de união no partido para as eleições gerais em Novembro. Esta evolução é curiosa, porque este ciclo eleitoral favorece em princípio os democratas. O Partido Democrata está mobilizado como não se via há décadas. Em todas as primárias, têm-se batido recordes de mobilização de eleitores. Ontem, na Florida, votaram 1,7 milhões de democratas (quase tantos como os republicanos) numas eleições primárias em que não se elegiam delegados (ou seja, não contavam para nada) devido a um castigo inflingido pelo Comité Nacional Democrata ao Estado da Florida pela antecipação da data das primárias. Este número é impressionante e permitiu a Hillary Clinton efectuar uma manifestação de regozijo pela sua vitória (ainda que fictícia) para apagar mediaticamente a desilusão do resultado na Carolina do Sul e o apoio dos Kennedy a Obama. O grande responsável pela mobilização do lado democrata chama-se Obama. A sua candidatura é um daqueles momentos pivot na História política. É um movimento pós-racial, pós-baby boomers. A Hillary Clinton pode estar a acontecer o que que aconteceu a George Bush pai - a eleição de 1992 significou a mudança de geração na liderança americana entre a geração da 2ª Guerra e a dos anos 60. Em 2008 pode estar a acontecer a substituição dos baby boomers pela Geração X representada genialmente por Obama que apanhou, para o bem e para o mal, o ar do tempo. A campanha de Obama já deixou de ser apenas sobre ele e a sua história pessoal - transformou-se num movimento de dimensões impensáveis há uns tempos atrás e que, dependendo do que vier a acontecer no resto das primárias, pode significar um reforço da capacidade de mobilização do Partido Democrata para a eleição geral ou uma fractura insanável entre o aparelho do partido e o estilo anything goes dos Clinton e o eleitorado mais jovem e independente. Isto é particularmente perigoso com um candidato republicano que, pela sua história pessoal e a sua fama de político decente, é muito atractivo para os independentes. A eleição do lado democrata está muito renhida: na Florida podia-se votar desde 14 de Janeiro. Clinton obteve no total 50%. Mas se se considerar os eleitores que votaram na última semana e no dia de ontem, Clinton e Obama empataram a 35%. Edwards saltou fora da corrida, sendo imprevisível em quem votarão os seus potenciais eleitores. Os debates desta semana assumirão importância decisiva. As eleições americanas estão ao rubro.
Tinha a ideia igual a toda a gente - a estratégia dele era arriscada. Ou seja,o homem seria um génio ou um flop. Revelou-se um flop. de há umas semanas para cá isso passou a ser claro. Os competidores nos estados iniciais têm muito acesso aos media e isso é uma vantagem incomensurável e insuperável. A decisão de se retirar dos estados iniciais foi fatal. quando rpecisava de entrar nas notícias, estas já etsavam ocupadas por disputas entre os outros candidatos. Do ponto de vista politico, torcia pelo McCain ou pelo Giuliani. No fundo o que se passava eram duas meias-finais - do lado moderado (ou se quiseres secular e laico, para ser mais preciso) entre o Giuliani e o Mccain e do lado conservador (ou mais orientado religiosamente) entre os outros três. Restam agora dois (MCain e Romney)numa final. Eu prefiro que ganhe o candidato moderado. Durante meses pareceu que o Rudy seria esse candidato (estava à frente das sondagens) mas a estratégia eleitoral desastrosa fez com que o McCain ganhasse essa compita. Aliás, o Giuliani desistiu hoje, apoiando o McCain. O q me interessa salientar é q o Partico Republicano parece estar nuam trajectória menos dependente da direita religiosa (por razões internas e de táctica eleitoral) e para que tal se consolidasse o candidato teria de ser um destes dois. Ou seja, parecia-me desde as eleições de 2006 que a direita conservadoa e religiosa não seria tão determinante neste ciclo. Parece não estar a ser (ainda falta um pouco mas as vitórias do mccain sustentam essa tese). Mas para ser claro, eu não sou americano e não vibro com os candidatos como se fosse o meu país. Tenho umas preferências mas nada que me altere. Entre o McCain e o Giuliani costumava dizer a brincar que preferia o último pq era do meu grupo étnico - católico, de ascendência latina, do Sul da Europa(como sabes na América toda a gente é dividida por grupos étnicos). Mas para ser sincero para mim tanto faz - do ponto de vista do merecimento, é obvio que o mccain, pela sua decência, comportamento ético-politico e história pessoal, merece mais ser candidato e eventualmente Presidente dos EUA do que qualquer outro republicano. Por causa disso e de ter tido um tratamento um bocado porco pelo Karl Rove em 2000, a imprensa, mesmo a de esuqerda, carrega-o ao colo. Mas estão iludidos, em matéria de segurança e política internacional é um falcão. Era o candidato original em 2000 dos neo-cons (entretanto zangaram-se). Por exemplo, no Iraque sempre foi por haver mais tropas - apoiou o "surge" e pediu ainda mais tropas ao Presidente, achando que ele estava a ser tíbio.
Eu, que não pesco nada disto ( não é self-depreciative, é a sério), acho-o parecido ( O McCain) com o Ike. Com a minha provocação o Mar Salgado ganhou mais um post teu eheheh;) Abraço tipo Pereirinha.
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