1) A TSF gastou os primeiros nove minutos do jornal das nove das manhã com uns coelhos que se assustaram com os aviões em Penamacor ( não caiu nenhum avião nem morreu nenhum coelho) e com uma notícia requentada da explosão de gás no prédio em Setúbal. As televisões nacionais, ao almoço, abriram (e continuaram) com o premente assunto do mau cheiro num bairro de Lisboa. Não estivessem tantos comentadores e analistas ( e candidatos a) com o rabo entalado ( vivem de e para os media) e a crítica mediática piava mais fino.
2) O descrédito dos políticos profissionais aumentou brutalmente o poder do juízo moral do jornalista. O público atribui ao jornalista um estatuto de "virtuoso desinteressado" - neste jogo as atribuições são ouro de lei - e ao político uma aura de suspeito comprometido. Se, ainda por cima, a banalização dos noticiários nivela os coelhos de Penamacor ( ou a lesão do Mantorras) com uma moção de censura ao governo, é porque nada distingue uns dos outros. E quem tudo confunde tudo ganha.
3) O dia fasti é o dia em que o político "abre a casa" ao jornalista e mostra a estante sempre "com muitos livros"; o dia nefasti é o dia em que o político deprime porque "eles" ( os media) passam uma imagem "errada". Ainda há gente que resiste a posar para o calendário, mas é pouca.
O DN de hoje tem, no cabeçalho da capa e a toda a largura, a Soraia Chaves a queixar-se do muito trabalho que tem. Numa revista sobre televisão encartada no jornal uma fotografia de uma cena dos novos episódios do Sexo e a Cidade em que o actor é namorado da ex do Brad Pitt e se pergunta porque é que, dada a evidente fogosidade do moço, anda a tal Jeniffer à procura de um dador de esperma. A informação já foi um serviço. Agora é, cada vez mais, um produto.
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