Os funerais dos velhos educam melhor o jovem aprendiz de psicologia do que um camião de manuais. Reparem nos companheiros que se acercam do caixão: circunspectos, genuinamente comovidos, tocam por vezes a pele de quem os acompanhou em brincadeiras de meninice ou em proezas de juventude. É um abandono metálico. Mas, cá fora, em pequenos grupos de sobreviventes, notam-se baforadas de alívio, um ou outro sorriso desdentado, um cigarro nervoso ( noutros tempos). Podemos gostar de ver partir um amigo? Não propriamente: a velhice é uma roleta e é sempre melhor jogar do que ir para casa. O jovem aprendiz aprende então que só à beira da cerca percebemos que amar e deixar partir é uma necessidade, não uma opção.
Conheço interpretações parecidas com a sua, sobre o suposto alívio dos que ficam sobreposto à dor da perda mas essa parece-me uma interpretação mesquinha e abusiva. Não serão assim tantos os infelizes que vivem fixados no seu umbigo, o mais desinteressante dos assuntos e quantas vezes um negro abismo. Essa perspectiva tão egocentrista da existência parece-me, no mínimo, deprimente, e o Homem é MUITO mais do que isso.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.