Não há mal nenhum em querer ter um corpo bonito. É preciso é saber para que serve. Se não se tiver dinheiro, fama ou poder, o corpo, em si, não serve para nada. Dirão alguns que serve para o amor. É uma verdade postiça: serve para o amor-próprio, uma sub-espécie predadora. Já para o amor, essa super-espécie, um belo corpo é um desperdício: o amor é o tempo a olhar para nós.
Disse Picasso: « Art is not the application of a canon of beauty but what the instinct and the brain can conceive beyond any canon. When we love a woman we don’t start measuring her limbs. » Eu pensei: "As medições são feitas antes".
O corpo bonito serve para obter dinheiro, fama e poder (algumas actrizes são disso exemplo paradigmático).
"É preciso é saber para que serve" ou será "É precisa a existência de outrem que saiba para que serve"?
Um corpo bonito é bom em si mesmo. ainda q não sirva para nada (mas quase sempre serve). O amor e a vida têm uma componente estética, que não se reduz a modelos perfeitos e estereotipados, mas que requer, de cada um, alguma exigência própria e auto-estima. Quem cuida bem de si revela que está bem consigo e com o mundo. Não me venham c a apologia de que o verdadeiro amor pertence a barrigudos e matrafonas... fazer exercício e tirar à boca quando é preciso fazia bem a muita gente! e não prejudicava o amor...
Na minha opinião, a maior parte das vezes a questão é colocada ao contrário, é preciso gostar de si para escutar o corpo e saber o que ele precisa, o que evita muitas vezes grandes - e inúteis - esforços para lhe dar aquilo que não lhe é necessário e pofde mesmo ser prejudicial! Igualmente só tenho a agradecer à Mãe Natureza que me mantém o mesmo peso dos vinte passados que são outros tantos e... Discordo que nos ajude a obter o que quer que seja... feliz ou infelizmente só obtemos aquilo que temos que obter, independentemente de todas e quaisquer partes do corpo, cérebro incluído;convém portanto não nos convencermos que temos direito a... por termos um determinado corpo e/ou cabeça pois tal pode conduzir à revolta, ao despeito...e, em última análise, ao ódio por si mesmo - e é aqui que voltamos ao início deste comentário!
Concordando plenamente com a Nina e com a Eva- a ideia de que a beleza física é um instrumento maquiavélico de manipulação é mais um dos lugares comuns que inundam o nosso quotidiano pleno de simplificações estereotipadas. A noção de que todos os sucessos de uma mulher bonita se devem ao facto dela usar o corpo como trampolim é falsa. Depende da mulher- para as que gostam de manter a coluna vertebral bem na vertical, na maior parte das vezes, a beleza, em vez de funcionar como um móbil de ascensão, funciona mais como um móbil de problemas acrescidos. É que sabe, mais do que qualquer homem, os principais elementos discriminatórios das mulheres fisicamente bonitas são as que não devem nada à beleza. Se a primeira for mais dada à acefalia, estas últimas reconfortam-se na lei da compensação; caso contrário, se demonstrar que detém mais do que um palminho de cara e/ou de corpo, é logo uma ameaça e o medo leva os seres humanos a cometerem verdadeiras barbaridades, mesmo aqueles que andam sempre com o princípio da emancipação feminina na boca, aliás, principalmente esses. Por outro, qual é a mulher ou homem que não gosta de se sentir bem com o seu corpo? Talvez por isso se justifique a actual obsessão pelas plásticas e preocupações exageradas com a aparência- quem não foi abençoado pela Mãe Natureza, mas tem pecúlio para tal, tenta reverter as leis naturais. Subscrevo a ideia de que essa preocupaçõa excessiva leva a uma tendência para um egocentrismo quase-patológico, mas isso está no tal livre arbítrio de cada um. Agora que um ego mais acarinhado é menos um reforço à inflação dos níveis de frustração existencial e da sua subsequente e vulgar transferência para outrem isso é bem verdade para grande parte dos casos. Mas certamente que haverá outros em que ainda reforça os instintos mais animalescos!
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