E QUANDO EU JÁ FOR VELHINHO / ACABADO DE MORRER / OLHA BEM PARA OS MEUS OLHOS / AINDA SÃO PARA TE VER:
Ainda hei-de assistir a um debate político intenso em Portugal sem o "fantasma do fascismo". Foi assim com AD de Sá Sarneiro ( repetiu-mo o meu pai muitas vezes) , foi assim com a primeira maioria de Cavaco ( ou já se esqueceram?), foi assim com o "perigo de Freitas a Presidente" ( não foi só PCP que tapou os olhos), foi assim quando Cavaco construiu o Centro Cultural de Belém ( a marca de um novo Estado Novo). Uma pobreza imaginativa, discursiva, estética, o que quiserem.
Caro FNV, Confirmo e , como serei mais velho, vivi todas elas incluindo a da AD. Curiosamente também verifiquei que quase sempre quem acenava esses fantasmas perdia as eleições seguintes. E estou de acordo é " uma pobreza imaginativa, discursiva, estática, o que quiserem". E tenho uma preocupação é não ver quem e quando sairemos desta pobreza. Cumprimentos
Também me parece que este recurso ao "fascismo" como epíteto da mediocridade imperante e difusa seja ineficaz - é um tiro ao lado. O presente estado de propaganda multi-morfica, onde a retórica é desligada da prática; onde qualquer imbecil se alinha para se ver atribuir "responsabilidades" que só serão assumidadas na forma (i.e., na pose) ou nos "momentos Chavez" (que como se sabe é a versão apatetada da presciência Wahroliana) e que assegurem perenes passes nas plateias que contam e nos sitios "Gourmet"; onde a gente mais indizível e abrutalhada se investe de auras de luminária; e onde personalidades que julgavamos mais afastadas deste carnaval se prestam a justificar tanta multipla saraivada inaudita de multiplos imberbes - que tal para ilustrar esta "estética" recordar Mariano Gago a afiançar postiças "licenciaturas" quando, como professor, se lhe reconhecia (e temia) a pouca pachorra para tais "chico-espertices"; ou ainda o pobre Constâncio a apanhar papeis perante tropelias e avales pretéritos e outros, que no presente, desenham novos "fartar vilanagem" futuros. Abjectando castas, constato que, porém, em outros lugares do mundo, a importância das dinâmicas de elites, que se quedam de porta aberta, e que, não se isentando de ambiguidades, impõe aos seus membros algumas exigências, e.g. não aturam por demasiado tempo a falta de vergonha, os meneios de troca-tintas e carreiras que não são percursos, antes uma série de atalhos de palavrinha ao "pé-da-orelha". O que revolta nestes tempos é o espirito de "estupidez e descontracção natural!" onde a boçalidade em vez de ser identificada como intelorável, se esgota nos 'gags' de quaisquer tarecos fedorentos. Depois é tudo um novo começo, um novo ciclo onde se ensaiam novos guiões. O fascismo, ainda que tenha produzido resmas de imbecis, tinha uma sofisticação que ia para além do verniz usado para pulir as odiernas "figuras públicas" e "talking-heads" (para o bem, mas principalmente para o mal). Os adultos podiam ser tutelados, mas esperava-se que fossem adultos, ainda que caladinhos e respeitadores. Hoje, espera-se que sejamos todos parvos ou palermas. Ou então no máximo, que se tenha alguma piada, como um vendedor (ou melhor um colaborador) de uma nova "boutique" de café a falar, como se fosse um doutorado, dos grãos do "Jamaica Blue Mountain" (um café de eleição aliás!), estando porém atentos a não ultrapassar o limiar de engraçados das maltas que fazem o que "dizem ser uma especie de não-sei-o quê" ou do presidente do Benfica.
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