Sócrates tem tido uma táctica certa: vai ao parlamento defender "as reformas" e ataca quem o ataca acusando-o de "imobilismo" ou "corporativismo". Esta táctica assenta numa velha premissa marcial - marcar o terreno no qual se combate - e numa vantagem: conta com a tradicional repulsa por qualquer mudança. Lembro-me bem do que foi dito naquela casa quando Cavaco quis introduzir a televisão privada. Mas Sócrates conta com outra munição da qual abusa sem que (quase) nunca leve troco: a oposição tem-se limitado a ir a reboque da contestação às reformas. Isto facilita a vida à táctica do PM e acontece porque:
1) O PCP opõe-se a tudo. 2) O Bloco opõe-se a tudo o que o PCP se opõe ( noblesse oblige). 3) O PSD não pensa, não arrisca, não propõe nada. 4) O CDS-PP lá vai propondo alguma coisa, mas é chuvisco no deserto - sem peso nem expressão - numa altura em que a oposição ao PS é feita à esquerda.
Quase dói ouvir os debates parlamentares. Em terra de cego quem tem olho é rei e no nosso caso o rei pode ser um déspota, mas é o único que o tem. Os aspirantes a reis não vêem um palmo à frente do nariz.
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