A quem deixar a biblioteca, o olival, a cana de pesca, o dinheiro? O legado material põe um problema ao moribundo estóico. Se recusa a esperança - uma espécie de futuro que impede a harmonia ( homologoumenos) com a natureza - , não pode deixar de se inquietar com o destino do produto da sua vida. É sempre preciso concertar a nossa vontade ( boulêsis) com o que há-de vir. Mas será que eles, os vivos, cumprem? Sinatra levou para o túmulo os seus cigarros e a suas latas de sopa preferidas. É natural, porque o seu legado - a sua voz - é inarrecadável. Nós, os moribundos-mudos, teremos de nos desfazer de tudo ainda em vida. Só assim se cumpre a boulêsis.
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