Os velhos do campo não lamentam as rugas, as estrias, a barriga. Tão pouco choram os bons tempos da verga obediente ou a solidão. Lembro-me de um beirão da Sertã, alto e branco ( parecia o Cunhal), que vivia num lugarejo deserto. Só tinha dois desgostos: a filha ter-se divorciado e o olival estar abandonado. O divórcio da filha foi para ele uma vergonha, mas o olival abandonado era mortal. Sentava-se horas a fio, numa cadeira à porta da casa, sem forças para erguer uma enxada. Mirava o olival arruinado. Toda a sua vida, sem sentido, estendia-se diante dos seus olhos enraivecidos.
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