Uma das primeiras coisas que os
taliban fizeram quando tomaram o poder em Kabul foi proibir o boletim metereológico:
prever o futuro é uma prerrogativa exclusiva de Alá. Outra medida importante dirigiu-se à barba dos homens: tinha de ser suficientemente longa para que um
mullah a pudesse agarrar e ver pêlos a sair da base do punho. Quem falhasse o teste era espancado. As mulheres, para além das habituais restrições de indumentária, foram alvo de uma interdição particularmente dura: só podiam sair de casa acompanhadas por um familiar adulto do sexo masculino. Muitas viúvas ( a guerra durou muitos anos) não tinham maridos ou irmãos: ficaram votadas a morrer de fome ou ao espancamento continuado.
Isto que descrevi ( com ajuda de J. Hafvenstein) é um exemplo de Islão fanático. Já
este artigo de Nezha Elouafi mostra como as coisas mudam e podem mudar. Em 2003, 10,8% dos deputados marroquinos eram mulheres. Os dois cenários são islâmicos, em ambos se nota o peso do papel tradicionalmente atribuído à mulher ( leiam as queixas da Nezha), mas no entanto existem diferenças. Quando se passa a mensagem que o Islão é irreformável, estamos a condenar as mulheres muçulmanas ao castigo dos
taliban. Estamos a ser
taliban.