O pessimismo é uma disposição maliciosa. Quando pessoal - o resultado de uma biópsia ou de um jogo de futebol - é assumido sem delongas; quando político ( ou sociológico) é cuidadosamente revestido de um olhar desencantado sobre a História. De certa forma é compreensível. Se é o nosso pequeno mundo que está em causa, o falhanço das soturnas expectativas resulta em nosso benefício; se é sobre a cidade dos outros que traçamos as nubígenas previsões, há sempre um desgraçado a quem elas assentam como uma luva.
Neste post não estava a pensar na SEDES...pois não? :)
Mas sim, os pessimistas tendem a acertar, nem que seja “by default”. Grande técnica!
(Os Velhos do Restelo... Confesso que entre todas as personagens-tipo daquilo que era o infernal vademecum dos (meus) tempos de liceu, era uma das que mais gostava, para irritação geral. Era preciso ser parva para ter empatia por semelhante figura e ir contra tudo o que a história (e a História) viriam a demonstrar! Mas nem era bem aplaudi-lo, era mais resistir ao julgamento sumário da cartilha dos profs. e achar que havia mais para dizer sobre o dito mau profeta (e aquele seu »Ó fraudulento gosto!» que me arrepiava mais do que todo o resto da batida tirada?)
P-Scr. Em Barcelona, na semana passada, distribuiam-se autocolantes vermelhos dizendo "YO SOY OPTIMISTA". Era campanha eleitoral pró Zapatero, claro, mas pensei com os meus botões "Ecco"! Para quê grandes especulações? Eis a principal diferença entre nós e os nossos vizinhos. Atitude...:)
Regra geral, não aprecio muito a aurea mediocritas, nem aquela história de que no meio está a virtude- as pessoas mais fascinantes que conheci eram assertivas nos actos e nas convicções, apesar de elegantes no trato. O politicamente correcto enjoa-me, já não há pachorra para gente mediana, sempre à procura de verdades feitas dos outros, descoloradamente enunciadas enquanto receitas digest de quem só vivencia a superficialidade... Também não comungo da ideia de que a maturidade nos faz ver a vida de forma mais cinzenta- cnheço tanta gente de 20 e tal anos a necessitar de uma consulta de geriatria urgente e gente de mais de 50 com uma iluminação interior que faz inveja a qualquer lâmpada ecológica! Aquele optimismo eufórico espectacularizado de quem "não se inscreve", de quem não tem memória do passado e que por isso nunca a transportará como lição para o futuro também não me fascina. Isto apesar de também não ter muita paciência para o discurso negro e apocalíptico de estamos todos destinados a ser pisados como formigas pelos desastres ecológicos, pela maldade actualmente acentuada pelos novos meios de informação ( esquecem-se que a natureza humana sempre foi a mesma, para mal dos nossos pecados, apenas mudam os meios. Enfim, nesta coisa do optimismo e pessimismo vou por aquela anedota que enunciava o realismo, o que quer que isso seja... a realidade é tão ambígua, múltipla e polissémica.
Não, Helena, não estava a pensar na SEDES. Isto era mais sobre a declinação social de uma atitude individual. Isabel: a assertividade não é um valor em si mesmo. Muitos assassinos históricos eram assaz assertivos. Mas julgo ter percebido o que você quis dizer.
Fosse ou não fosse a SEDES, a luva assentava-lhe bem, ou não? Tão à medida como se fosse feita na Ulisses da R. do Carmo. (eu não sou Helena, olhe que ela ainda se chateia com a confusão. Já basta eu ter perdido o autêntico com a imperialismo googlista e agora ter de usar 1 nick fora de tempo:):)
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