Os dados do amor são a loucura e a algazarra na poesia de Anacreonte. A alternativa é a espera imensa, que julgo ter sido o legado de Petrarca. Nada disto convive bem com uma longa relação e por isso elas hoje não existem. Dizem-me que dantes os casamentos duravam uma vida inteira. Pois duravam, mas os seus dados eram a obediência e a sobrevivência. Ou seja, o excesso de amor matou o casamento.
Demasiado honesto, sempre achei esta um pleonasmo. Excesso de amor não será um pleonasmo? Amamos ou não amamos. Foi o amor que matou o casamento. Donde vem o excesso? A longa espera de Petrarca...um longo poema lírico.
A obediência sim, mas a sobrevivência é um valor não necessariamente datado e em vias de extinção. As pessoas é que podem não estar para investir nisso (e as circunstâncias têm as costas largas). Você é que e o perito, eu sei. Mas se eu fosse si escolhia outras histórias para adormecer a sua filha que não fossem a Cinderela, a Princesa que guardava patos, a Pocahontas e outras coisas quejandas e absolutamente maravilhosas com que (nos) inundaram o imaginário feminino de criança… - Porque é que a literatura infantil continua a injectar esse protótipo do príncipe encantado, do conflito paterno, da justiça reparadora e do ‘viveram felizes para sempre’, é coisa que nunca perceberei. - Não haverá quem faça histórias sobre amigos para a vida? (Em que tema eu me fui meter..)
Ainda há amores eternos e casamentos congéneres... apesar da falência de relações muitas delas devotadas ao fracasso pela autocentração e descartibilidade intrínseca de cada uma das partes. Isto apesar de considerar que cada caso é um caso...Apenas me limito a enunciar tendências... MS, se me permite, eu dar-lhe-ia o conselho inverso da anterior comentadora- leia muitos contos de fada com "happy end" à sua filha, qualquer criança necessita dessa segurança narrativa para conseguir contextualizar e até avaliar o mundo que a rodeia...dizem-no especialistas na matéria...E, já agora, Ségo-Sarko, existem muitos contos sobre amigos para a vida- veja o caso do Príncipe Feliz de Oscar Wilde- uma preciosidade, uma lição de elevação espiritual intemporal...E porque não os clássicos que rejeita? Afinal, o Amor entre dois seres não será o resultado da mistura entre Eros e Agapé? Haverá alguma mera paixão carnal que leve alguém a lutar até ao fim do mundo ou a morrer pelo objecto do seu desejo?
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