BANDITISMO: No Público de hoje, António Barreto cumpre o dever cívico de divulgar um livro de Américo Cardoso Botelho (Holocausto em Angola, Edições Veja, 2007) que irei comprar e devorar mal me cruze com ele.
Nesse livro publica-se, em fac simile, uma carta do (na altura) Alto-Comissário Rosa Coutinho, de Dezembro de 1974, dirigida a Agostinho Neto, presidente do MPLA. Nessa carta, e porque o complexo de inferioridade só se venceria "matando o colonizador", Rosa Coutinho escrevia que numa reunião secreta com camaradas do PCP tinha sido decidido (por forma a "instaurar a nova sociedade socialista") aconselhar os militantes do MPLA a, de imediato, "aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando (...). Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos." António Barreto, chocado, prossegue a transcrição, eu fico-me por aqui.
Sou dos que já pouco se espantam com Rosa Coutinho e com as acções do PCP e demais esquerda radical, particularmente nesse período, por mais chocantes e abjectas que sejam. Limito-me a cumprir também o dever cívico de divulgar a canalhice e os canalhas.
VLX, eu já nem teria coragem para ler o resto. Tive familiares que fugiram em 74 de Luanda e contaram do que lá se passou. Nem as agruras do benfas me levam a ler os detalhes como hoje ousava descrever o Rascord com coisas banais: moral às tropas, o jogo do ano, Chalana a falar ao grupo, presidente a pedir a Taça, jogadores a pensarem no 2º lugar... A verdadeira guerra é muito pior. Mas os canalhas de cá, lá por Lisboa, abundam ainda hoje.
p.s. - ouviu aquela do pó branco nos pneus? Um palerma do Rascord perguntou se alguém percebeu a piada do PdC...
Porque estive em Angola nessa época, porque não vi serem atacados os tais brancos, porque, isso sim os pretos se mataram nessa altura aos milhares uns aos outos e, mais tarde, às centenas de milhar, anos a fio, pergunto-me que raio de organização seria essa que queria matar brancos e trucidava pretos ? Pergunto-me quem é que queria matar brancos quando o MPLA era inicialmente quase e só formado por mestiços e com muitos brancos nas suas fileiras ? O que vi e sei é que Rosa Coutinho sempre se opôs a que grupos de brancos voltassem a fazer chacinas nos musseques de Luanda como em 1961. Isso sei. Foi no seu tempo que foram pela primeira vez presos e condenados uns quantos taxistas que entraram nos bairros negros para matar tudo quanto se movesse! Contam-se pelos dedos os brancos que foram vítimas de ataques pessoais nessa época. Tudo o que se disser em contrário é uma irresponsável mentira. Caso isso se tivesse dado, teriam sido aos milçhares os mortos tal era a total desorganização da tropa portuguesa em retirada, a violência dos ataques entre o MPLA, a Unita e a FNLA. Lembro que um Batalhão inteiro vindo do Leste chegou a Luanda em cuecas, sem honra nem glória, desarmados e desfardados, mas todos vivos. Se os angolanos quizessem teriam sido todos mortos à pedrada. Participei em reuniões com Agostinho Neto a pedir abertamente aos brancos de boa vontade que não abandonassem Angola. E a coluna de tanques do exército sul-africano estava a 30 km de Luanda. Não posso calar por estas razões uma revolta muito grande contra estes novos escritores da história. O MPLA já foi muitas coisas e mais ainda será, mas não é admissível querer usá-lo numa argumentação contra o PCP ou a esquerda portuguesa. Os portugueses que viviam em Angola na sua maioria eram pessoas de bem que foram expulsas pelos novos interesses que ali se instalaram. Julgo que é agora fácil ver quem é que lucrou com essa expulsão.
Será interessante averiguar se o fac-simile é real. E isto independentemente da opinião do comentário acima. Ou seja, não interessará muito o que aconteceu (e as diversas leituras históricas). Interessará bem mais saber se um oficial português escreveu (seja lá em que contexto tenha sido) um texto destes. Se o fez, e isso ainda interessará muito mais, qual a atitude do Estado e das Forças Armadas portuguesas - não conheço o regulamento militar mas não haverá pena? O "Almirante" fica Almirante? Não há institucionalização da desonra? Não se lhe retiram as prerrogativas simbólicas e materiais do estatuto de "Almirante".
Mas muito mais interessante é que uma qualquer boca futebolística de FNV (ou de um outro qualquer bloguista, in ou out mar salgado) ter muito mais comentários do que isto. Não merecemos nós este "Almirantado"?
Também fiz eco desta notícia e perguntei o que o Estado fará perante ela. Entretanto, Ferreira Fernandes no DN e João Tunes no Água Lisa garantem que a carta é falsa. Se não é, o assunto tem a gravidade aqui assinalada. Se é falsa, o assunto também é grave, nomeadamente para António Barreto e outros que a divulgaram como verdadeira. Sei pouco de Rosa Coutinho, mas não há dúvida que a imputação de uma carta destas a alguém que não a escreveu, quem quer que seja, é um assassinato de carácter.
VLX, Você que tem a pretenção de ser honesto e inteligente aponte lá uma falta grave do Rosa Coutinho que não seja uma dessas merdas de que os boatos se alimentam ! Vá Lá seja homem ! Que sabe vc do que passou em Angola em 74-75 ? Gostava de ver a cor da sua roupa interior quando só 150 militares obedeciam a ordens e havia uma guerra em três frentes e uma população de colonos a defender...num territ+orio duas vezes a dimensão da França Aos milhares, sem eira nem beira e a fugir por tudo o que era sítio. Só espíritos imbecis e absolutamente cretinos é que atiram pedras a quem defendeu a paz e os desvalidos e tentou proteger todos contra as forças que vieram a retalhar Angola durante mais 25 anos. A imbecilidade não protege nem vacina contra a História! Você deve ter um pouco de vergonha antes de atirar atoardas oara o ar.
Caro VLX, não me compete responder pelo FNV, mas essa sua pergunta não pode ser a sério. Então o ónus da prova de que uma pessoa não é um monstro é da pessoa acusada?
Mas respondo, mas respondo... O que sei sobre o personagem resulta de uma amálgama de coisas que fui coleccionando e de um testemunho presencial relativamente fiável. Não, não ponho as maõs no fogo por ele.
A história é velha, corre há muito mas podia não passar de um boato. Do fac simile soube agora, e terá sido publicado num livro algures durante o ano de 2007 (estamos no quarto mês de 2008). Não leio tudo nem todos os jornais mas não me recordo de nenhum desmentido, negação ou processo judicial. De resto, não obstante a carta ser abjecta e ignóbil, alguém duvida que o seu teor não esteja dentro do mais puro espírito soviético da época? Cá e lá?
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