CAPRICHOS DE PLUMA: Leio a cronista do Expresso, na Única, que nos diz ter ido em tempos a um congresso do PSD. O «lugar era o Pavilhão de Santa Maria da Feira, um desses lugares inóspitos e periféricos, servidos por auto-estradas desertas, exemplo de tudo o que foi mal feito no plano de desenvolvimento regional.» Esta pequena frase, carregada de autoridade e certezas, revela a um tempo não só ignorância geográfica e histórica como também evidencia o umbiguismo lisboeta e o desconhecimento de tudo quanto passa daí e, ainda e principalmente, a leviandade com que às vezes se atiram as ideias. Santa Maria da Feira é uma terra carregada de História, a meio tempo entre o Porto e Aveiro. Não teve de ver o seu nome alterado, abrilhantado, como algumas povoações periféricas da capital. Aliás, nada tem de inóspito nem de periférico: possui uma cultura própria, um meio empresarial e industrial próspero, uma identidade. Nunca esteve, nem hoje nem na altura do congresso a que Ferreira Alves se refere, servida por auto-estradas desertas, exemplo de errados planos de desenvolvimento regional. Santa Maria da Feira teve a sorte de se encontrar no fim do primeiro troço da auto-estrada Porto-Lisboa (na perspectiva de Clara Ferreira Alves, na última saída da auto-estrada do Norte, antes de se chegar àquilo, como se chama?, a Câmara do Meneses... Gaia!, é isso!), a A1 passa por lá. Convirá lembrar que esse troço da A1 foi construído ainda na década de 70 e, atenta a AE de que falamos, não me parece que isso tenha ocorrido ao abrigo de qualquer "plano de desenvolvimento regional", bom ou mau. Agora há uma via rápida (que o governo quer rebaptizar de auto estrada para poder cobrar as portagens que tinha prometido não cobrar) que vai de Gaia a Aveiro e passa por lá perto, mas nunca nenhuma das duas vias esteve deserta. Recentemente, o troço da A1 entre Gaia e Santa Maria da Feira foi alargado para três faixas e, mesmo assim, o trânsito é imenso. Se Clara Ferreira Alves quer ver o que são auto-estradas desertas, sugiro imensas à volta de Lisboa, Torres Vedras, Benavente, Salvaterra, Óbidos, etc., etc.. Como são perto do umbigo, imagino que não sejam lugares inóspitos nem periféricos, alguns são bem bonitos, o passeio é agradável e quase não há trânsito.
PS: declaração de interesses - nada me liga a Santa Maria da Feira.
Ui... a polémica elevação da N8 a auto-estrada do Oeste!
Restou o troço Bombarral-Tornada sem cobrança de portagens (anterior ao upgrade) para testemunhar as lutas da altura e para nos lembrar que aquela até é nem uma autoestrada dita "normal".
Concedo que, pelo caminho a A8 semeou algumas notas inóspitas e que a periferia de Lisboa se tem expandido um pouco por aqueles lados.
Mas admitamos, nem sempre está assim taaão deserta!
Mas há lá pachorra para a sentenciosidade da Clarinha...?! Nenhuma... Aquilo, sim, é provincianismo puro. Só por isso "O Espectro" justificou a sua existência (pôr a nú a "não autenticidade" de CFA, isto para sermos brandos na designação da careca). Embora isso lhe tenha custado o fecho...
Claríssimo. Mais uma lisboetice pretensiosa e desinformada. Já assisti lá, a excelentes e concorridíssimos concertos, com grandes intérpretes e orquestras, no Europarque de Santa Maria da Feira.Que, desconfio, que a "conhecedora" e culta jornalista, nem lhe passa pela cabeça. Já terá ido ao S. Carlos?Desconfio, que só de fugida à Gulbenkian, para aparecer nalgum espectáculo vip, inter-pares (na assistência).
A inefável Clara Ferreria Alves...a senhora até escreve bem e não é tola; o problema é que parece que não sai lá do bairo pseudo chique em que vive em Lisboa (salvo para ir a Milão passear na Spiga ou a Barcelona, o santo-e-senha da esquerda bem almoçada - que por acaso nunca comeu um buey da ria e não percebe o que são chipirones, mas isso é outra conversa)e desata a falar do que não sabe. Pode ser que o Dr. Soares a convide ao menos para ir à casa dele, em Nafarros, sempre nos poupa a considerações semelhantes sobre o Algarve,outra terra a evitar, segundo a sua arrogante, ignorante e nada original opinião.Perdoai-lhes, eles não sabem do que falam.
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