Hoje a segunda, a mais antiga: O Reconhecimento Analytico da Cocaína e Seus Saes, A.J Ferreira da Silva (Tipografia de A.J. da Silva Teixeira, Cancella Velha, Porto, 1891). É produto da amizade com que o João Paulo Baeta me agracia e vem juntar-se a outra aquisição recente: Toxicomania. Ópio, morfina; cocaína. Contribuição para seu estudo clínico e social. ( José Augusto Marques da Silva, tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Medicina do Porto, Porto, 1926). Estes trabalhos portugueses antigos são importantes para o arquivo do estudo das drogas. Portugal manteve sempre uma tradição de pesquisa na matéria, sobretudo a oriental, que remonta ao tempo de Garcia da Orta e Cristovão da Costa. Hoje nem tanto... Os primeiros tempos da cocaína, depois da novidade introduzida por Niemann e Koller, são muito instrutivos. Experimentava-se - Pio X foi um entusiasta do Vinho Mariani feito com coca - e estudava-se ( Freud e um texto maldito.). Sempre coisa para adultos. O dr. Ferreira da Silva era lente de química organica na Academia Polytechnica do Porto e verificador do gaz na mesma cidade. Nem mais.
Caro FNV, Como curiosidade...já consultou a Farmacopeia Portuguesa IV ? Estão lá os belos extractos tebaicos (de ópio), utilizados na altura como analgésicos e como antidiarreicos (eram o imodium(r) da altura...). Nogueira Prista (não tenho as suas preciosidades...), outro ilustre professor da Invicta, refere o seguinte: " O extracto de ópio é utilizado como analgésico e antidiarreico, em doses de 0.01 a 0.05 g por dia, em poções, limonadas, pílulas, cápsulas e supositórios. Para medicina infantil é necessário utilizar doses de extracto inferiores ..." Penso que na mesma farmacopeia ainda se encontram as soluções de cloridrato de cocaína, ao que se diz, um must na altura para tratar patologias cardiovasculares infantis, e um gel (penso que este está num formulario galénico) utilizado como descongestionante e constritor vascular nasal.
Em ambas as fontes, nos ensaios, estão lá as características organolépticas...imagine-se o controlo de qualidade :-)
Quando escrevi "A cidade do ópio" estudei muito material , desde os arquivos da Torre do Tombo até coisas do Instituto de Medicina Tropical. Se bem me lembro, enviaram-me entradas da Farmacopeia Portuguesa. Não tenho a certeza.
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