A morte nunca morre. O tempo encarrega-se da reanimação consecutiva. O amor morre com frequência: umas vezes à nascença, outras devido à seca extrema, com frequência levado na tempestade. A morte esconde-se em fotografias, nas janelas entaipadas, no nariz tantas vezes. Como não vive, não envelhece. Está sempre disponível, é forte, concreta e fiável. Fingimos que o amor nunca morre porque somos dados ao espiritismo.
Concordo consigo. O amor morre por vezes (deixe-me acreditar, por agora, que nem sempre), o problema é não ter os devidos cuidados paliativos! E quando não os tem, ele também se esconde atrás de recordações.
Quanto ao "nariz" e às suas "palavras com cheiro", segui as indicações de alguns dos comentadores do blog em posts anteriores: 1- Do programa da Maria Elisa- gostei da capa do livro. Se a qualidade do conteúdo for proporcional à quantidade de papeizinhos de marcação da M. Elisa, o Filipe está em pé de igualdade com Edgar Morin. 2- Da entrevista na RDP- Como tinha ainda de fresco o programa da M. Elisa, preparei-me para ouvir a sua entrevista, na expectativa de algo pesado e num certo ponto, depressivo. De facto, apesar do respeito que manifestou no tratamento dos exemplos que citou, esta carga não existiu (já o vi escrever sobre o Benfica com mais tragédia nas palavras!). Senti muito mais os aromas frutais da esperança do que da cadaverina post-mortem. Foi um pouco vago nalgumas respostas que deu, o que, a ser defeito ou feitio, deverei reapreciar aquando da leitura do livro ppd.
Sobre o outro "nariz"- Tem de tratar dessa rinite e também da sua vozinha! Votos de sucesso! Helena
Exacto. Além disso, a morte é fisicamente mais intensa do que o nascimento ou a dor. A dor física começa e acaba, os limites temporais circunscrevem-lhe a intensidade. O nascimento é uma experiência forte para quem pare, mas dissolve-se na vida que se lhe segue, fica uma memória intensa. A morte é uma companhia constante, espessa, perpétua – e tremendamente física. Ontem vi o primeiro jacarandá em flor. Os olhos dela já não existem para o ver. E também já não lhe posso contar que o vi. E ouvir o entusiasmo dela. E comparar juntas pela enésima vez os jacarandás com as glicínias ou as magnólias. Passam as estações. A morte nunca morre.
Ainda que mal pergunte, o que se passa com o seu livro? Fica-se perplexo dado que VER, JÁ O VIMOS, não é? Primeiro, incluído na newsletter 'Os meus livros' da Bertrand. E depois exibido perante os nossos olhares gulosos em pleno prime time da RTP1! - Para quando, então?
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