Manuela Ferreira Leite terá de apresentar um governo-luz em Setembro. Seis ou sete nomes - educação, saúde, finanças, economia, justiça, defesa e talvez obras públicas - que possam responder à pergunta básica: o que farão de diferente caso sejam poder. Estes nomes terão de ser previamente escrutinados pela equipa de MFL. Célebres ou anónimos, o seu passado terá de ser revisitado em pormenor: se já dormiram com prostitutos/as, qual a marca de cereais que comem ao pequeno-almoço, se pagaram o IMI de todas as habitações, em que entrevistas disseram asneiras que possam ser remediadas, se têm cão vacinado e com chip. Depois poderão ser apresentados aos media. Não se vai para a guerra com cartuchos molhados: não funcionam e ocupam o lugar dos bons.
1- na apresentação pre-eleitoral de eventuais governos (sombra ou Luz). Ninguém votou em Sócrates sabendo que Teixeira do Santos iria ser escolhido como MFAI, nem em M. Lurdes Rodrigues como min. da educação (esta última recolhendo razoaveis simpatias nas sondagens).
2- As manchinhas nos currícula de alguns ministros, PM, PR e afins, se forem bem geridas, podem até transformà-los em "pessoas humanas". A popularidade de Sócrates pode até ter abanado após o escândalo UnI, mas meses volvidos, o impacto foi quase insignificante, "Porreiro, pá!". Infelizmente, alguns portugueses adoram estas coisas... Por aqui adora-se o Isaltino, curriculo à parte...
3- Sejamos realistas- nenhum partido, seja ele PS ou PSD irá ter maioria em 2009. Logo, na perspectiva de acordos pós-eleitorais, a escolha de um governo "template" parece-me no mínimo um erro estratégico.
4- Face à ultima sondagem do Expresso, parece-me demasiado arriscado que MFL só apresente em Setembro o que fará se for governo. Não lhe sobrará muito tempo até as eleições. Por muito que se valorize a sua prudência, ela está no partido há já algum tempo. E face à perda evidente de momentum por parte do PSD, algo deve ser feito antes da silly season (que este ano até pode ser muito antidepressiva se Portugal e a Vanessa se portarem bem nos Euros e Jogos Olímpicos).
Mas enfim, partilho candidamente do seu optimismo...
1) Um governo sombra não é necessariamente aquele que mais tarde é empossado. A medida destina-se a fazer com que o partido não tenha uma opinião sobre um assunto às 2ºas e 4ºas, outra às 5ºs e 6ºs e outra ainda aos fds.
2)O escrutínio prévio não se destina a eliminar manchinhas do passado,isso é impossível. O que eu pretendia dizer (e o que se faz na Inglaterra e nos EUA) é que as fraquezas que se podem antecipar podem precisamente ser melhores geridas ou, na pior das hipóteses, eliminar um candidato a tempo ( um brutal fuga ao fisco não é "uma manchinha").
1) A selecção de um "governo sombra", se bem que propositado, não pode ofuscar nem diluir a imagem de MFL, já de si crítica, no panorama político português. É de se esperar que, internamente, haja uma estruturação do partido e funcionalização do staff e alguns nomes possam ter alguma protagonismo numa ou outra àrea. Aliás, seria elegante a participação de membros "Pró-PPC" em acções de suporte à candidatura, e isso sim, seria um motivo para destaque. O mesmo se aplicaria com independentes e membros de outros partidos. Este destaque iria ter como único objectivo de manifestar a unificação e a expansão das estruturas de apoio de MFL. Mas declamar nomes, por muito notáveis que sejam, pode por outro lado ser pernicioso. Por um lado, pode associar à MFL o epíteto de "puppet on a string" das Elites e por outro enfraquecer a liderança e o protagonismo de MFL, para além claro da natural formação de anticorpos na falta de consensualidade. Face a uma maratona tri-eleitoral, com gostos para tudo, em que o surgimento de nomes pode chocar com outros nomes críticos nas autárquicas, pode mesmo pôr em causa o resultado final. Isto claro, dentro e consequente fora do PSD.
2) A admiração por MFL que existe dentro do partido, tida e garantida e diria mesmo consensual, quase não existe fora dele. Para muitos a imagem mediática de MFL congelou no défice dos 6%. E esse parece-me o primeiro passo a ser tomado. A imagem de líder de MFL tem de ser trabalhada e consolidada, o quanto antes. Pois essa imagem vai ter de resistir a 2 eleições e procurar um espaço na memória política dos portugueses, que ainda não tem. E esta remodelação para ser consistente, leva tempo. Logo, o rol laranja, de extrema importância ao nível funcional, terá de existir num segundo plano, e deverá mesmo que ser dinamicamente flexível. Apresentar um main core definitivo, logo em Setembro, para além de fugir ao essencial, continua para mim a ser insensato. Eu não sou apologista que o psd seja conotado unicamente com MFL. Mas para ela não lhe restam muitas alternativas viáveis. Não nos esqueçamos que durante as autárquicas MFL irá ficar em 2º plano, perderá então mediatismo para outros e se a sua imagem não estiver até lá, sólida e em fase de crescendo, ficará extremamente dependente de um bom resultado do PSD nas autárquicas. Daí o foco ter de ser direccionado unicamente em MFL (sem close-ups de preferência, a pedido do JPP…)
Ficar à espera que o aumento incessante e mais do que previsto do preço petróleo em 2009 faça o trabalho do PSD, acreditar nas previsões do FMI, OCDE e amigos, apostar em nomes sonantes, deixar os pavios para os fósforos dos outros e sobretudo subestimar Sócrates, é que não me nada parece seguro. Mas não é impossível …
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