Não é Manuela Ferreira Leite que tem de explicar quais são os investimentos desnecessários em tempos de crise conjuntural; não é MFL que tem de explicar por que motivo alguns investimentos são supérfluos quando constatamos que infra-estruturas essenciais não foram instaladas ( saúde, educação, ensino superior e justiça). É o governo que tem de se explicar. E muito. Os sábios lá saberão, mas parece-me evidente que o PSD não pode obrigar-se a uma guerra defensiva. Se o partido pretende conquistar votos, tem de escolher o terreno e marcar o tempo da ofensiva. A inversão da lógica da batalha acarretará danos irreparáveis.
A sua listinha de urgências, de bons investimentos é muito interessante. Só peca por ser muito previsível: são investimentos,todos, não reprodutívos. E promovem mais despesa pública. Agravam o défice. Tudo o resto é treta! Populismo para enganar tontos e papalvos!
Mais investimento na Justiça? Ora adeus! Quem é que se opôs à reorganização do mapa judiciário? Aliás, quem é que ao fim de 35 anos vem propor um Mapa Judicial com uso racional dos meios possíveis? e adaptado à realidade demográfica do País? Faltou-lhe a si, também não podia adivinhar, não é? a fantástica ideia das 35h/semana, hoje, em tão boa hora, apresentada na AR pelo PCP. Uma cereja em cima do bolo da falta deinvestimento, sem o qual não há recuperação nem emprego. O PC deve estar à espera que 51% dos portugueses estejam internados em lares,reformados ou desempregados, para então ganhar as eleições e irmos todos para o paraíso. A asneira devia pagar imposto! MFerrer
Sou um tipo simples. Sei que o número de juizes não chega para os processos, sei que o número de funcionário judiciais também não chega, sei que há muitos tribunais em pior estado do que o balneário do Arrentela FC. isto confirma-me a minha mulher que é advogada há muitos anos. Sei que estruturas associadas à justiça, como a máquina fiscal, ainda usam suportes informáticos do Plistoceno; sei que a PJ está falida e em paz podre ( esta sei muito bem) Sei que melhorar tudo isto custa dinheiro; ou então amendoins. Caro João: o fogacho nunca começou. Isso é especialidade do "plano tecnológico" que estava tão detalhado que teve três chefes no 10 ano de vida eh eh eh ...;))))
Desta vez, foi um pouquinho demagógico. E não foi muito feliz nalgumas areas-chave que citou. Nestas, as culpas estão tão repartidas entre os responsáveis, intervenientes e satélites, que o tiro, a sair, escapa de lado e pode ricochetear. São áreas mais susceptíveis à "inversão da lógica da batalha" do que os polémicos investimentos que refere, e, dado aos interesses instalados podem ainda contribuir para a descredibilização de MFL. Erro crasso, atacar com misseis SCUD, quando os chumbinhos ainda nem foram postos em acção. O contra-ataque pode vir por entre os pingos da chuva...
Helena PS: Concordo inteiramente com o que diz no último parágrafo.
Cara Helena, Não falei de culpas. Sou um tipo simples: primeiro fazem-se estruturas decentes e que funcionem ( com dinheiro), depois exige-se responsabilidade. O inverso parece-me bizarro.
Concordo no que diz. E está fora de questão discordar nisto consigo. Mas estamos a falar de governação e não de oposição.
Não nos equeçamos que:
1- MFL está na oposição e não está no governo. A opinião geral de MFL na governação é mais ou menos conhecida, agora na oposição, não é. E é nesse ponto que MFL terá de mostrar cartas. Por muito que gostaríamos que ela nos mostrasse como governar, há muito eleitorado a conquistar... e ela só pode governar se o conquistar e para isso tem de mostrar trabalho de oposição.
2- MFL tem um passado político não muito solarengo aos olhos de muitos e o PSD está neste momento, segundo as últimas sondagens, em desvantagem pontual.
3- o "povo" é soberano e não é subestimável.
Mesmo concordando com a sua "lógica de batalha", contestar o trabalho na globalidade feito nas áreas que refere tem o mesmo impacto mediático do que contestar o OE2009 na sua totalidade. Pede-se aos comuns um enorme esforço de abstracção, dá azo a muita discussão e querelas interpartidárias, mas aliena os eleitores da sua compreensão e discussão, quando o que se pretende é que eles se mobilizem e entusiasmadamente mudem o sentido de voto. Não quero fazer apologia ao populismo. Mas trocar por miúdos os ataques de MFL, gastar chumbinhos, certeiros e cheiinhos de intenção, será no meu ponto de vista mais eficaz.
Sem querer gerar discussão, pois não é muito relevante para o caso, ao dizer que "basta falar com empresários, trabalhadores ou advogados", pode reforçar aquilo que todos apontam a MFL e a sua prole, o Elitismo. É nestas pequenas coisas que MFL tem de ter cuidado, para não perder o rótulo de defensora de um PSD popular, eventualmente mais "blue" do que "white collar"...
Claro, UM dos problemas da gestão pública da justiça está à vista: é uma área, por natureza, demasiado politizada (e não precisávamos do indício 'bastonário' para o saber). É cristalino que o investimento é necessário, em sentido financeiro e estratégico. Ora, MFL tem uma autoridade na matéria entre as suas hostes, dado que poucas vezes tivemos um ministro da Justiça tão eficiente quanto José Pedro Aguiar Branco (para quem esteve atento). Nem o pouco tempo de governação conseguiu tornar menos óbvio o acerto e o tino cirúrgico da sua intervenção, tantas vezes referido por insuspeitas pessoas do meio. (Pena foi ter embarcado naquela triste nau, mas já cumpriu a sua pena...)
(PS- A justiça não é "coisa de" advogados e juízes. É coisa de cidadãos, e aliás, como tal, um termómetro do estado-de-direito. Mas se estamos numa de acreditação bastante, então falo tb. como jurista e advogada).
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