Quanto tempo temos? A resposta acaba sempre por desaguar no pragmatismo: o que fazer com ele? Deus não mete medo e a morte não preocupa e Epicuro arruma a coisa com 50% dos seus tetrapharmakos. Sobra, teimosa, a questãozinha: o que fazer com com o tempo que nos resta? Como não podemos saber quanto tempo ainda temos para fazer bolos de bacalhau ou para amaciar a pele de quem gostamos ( quanto mais macia mais gostamos dela), teremos de ir por outra via. E assim desenha-se um esboço de resposta. Desperdiçar o mais possível, não utilizar nada. Respeitar a sentença de Anaximandro, aceitar que o último segundo é exactamente igual ao primeiro. Voltar à pele, comer os bolos de bacalhau com os amigos e esperar a repetição: é ela que se interpõe entre nós e o retorno.
Desfrutar. Pode-se desfrutar desperdiçando. Pode-se desfrutar fazendo intensamente. Tanto faz. E é a consciência carnal da finitude do tempo que corre que nos permite saboreá-lo enquanto escoa.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.