Manuela Ferreira Leite ( entrevista a Constança Cunha e Sá) recentrou, e bem, a artilharia: é o governo que tem de explicar por que razão nos temos de endividar com o acessório quando nos falta o essencial. No anterior número desta série tinhamos declarado crucial não inverter a lógica da batalha. MFL está no bom caminho. Os projectos megalopatas são impressionantes e são sempre aparentemente essenciais. Sócrates lançou a construção de dez estádios para o EURO-2004. Eram todos determinantes para o país. Hoje, tirando três, são todos supérfluos. Depois de Agosto vai ser preciso mais. MFL disse, e muito bem, que a sua liderança não será solipsista. Mais gente terá de aparecer, mais gente terá de dar a cara por propostas políticas em diversas áreas. Mais gente terá de trabalhar. O pior que pode acontecer a MFL é representar apenas uma melhor gestão. A inércia do conformismo tenderá a privilegiar o que está se o setting for o mesmo. O PSD não pode descurar os flancos do adversário: isso é tarefa do próprio PS, entretido que está com o rombo principal ( o empobrecimento do país).
O que MFL gostaria de realçar e o começou por contestar foi a bondade dos investimentos. Ontem voltou a roçar esta linha, com a metáfora das roupas em saldo que não precisamos para nada. Mas cedo percebeu que esta estratégia é um valente tiro nos pés, já que os invetimentos mais questionáveis tinham sido aprovados pelo governo de que fez parte. Resta-lhe a imagem de que estamos tão endividados que não podemos gastar em nada. Ora esta ideia é um disparate ainda maior, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista político. Como é que alguém pode defender em termos macro-económicos que a estratégia melhor para o crescimento económico, numa altura em que ele é incipiente e com o agravamento das diversas crises internacionais, passa por cruzar os braços, apoiar os pobres e rezar até que voltemos a ter dinheiro para investir ? Vindo de onde, já agora ? Politicamente, como pretende capitalizar as angústias das pessoas face às dificuldades do dia a dia prometendo-lhes que o melhor a fazer para mudar a situação é simplesmente nada fazer ? Chegando ao rídiculo de sugerir que nem vale a pena aparecer para dizer estas supostas evidências ?
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