O regojizo pela execução - quase em directo - de um assaltante de bancos existiu. Esse regojizo, para além da bestialidade humana inerente, encobre uma emoção simétrica: a da impotência perante os crimes violentos. Mas também encobre, coisa muito mais preocupante, uma raiva surda face ao discurso explicativo da violência. É um discurso eivado de pseudo teorias psicossociais - frequentemente tolas e difundidas sem critério - que provoca nas pessoas o desejo de um fim rápido e imediato. Os media, à falta de melhor, criam "a onda". Com ou sem lentes de aumento, Portugal terá mais disto. É inevitável, vem com o resto do progresso. Seja como for, o cenário é escabroso. Em 1850 existiam na Europa dez cidades com mais de 250.000 habitantes. Em 1910 já eram quarenta e oito, e cinco delas tinham ultrapassado o milhão de habitantes. Concentração de qualidades humanas. Para o bem e para o mal. Em alguns aspectos, o actual processo de crescimento das cidades não difere muito do processo novecentista e talvez por isso os sistemas de autoridade repitam a receita de então: zonas nobres e seguras para os residentes, zonas porcas e violentas para os recém-chegados e deserdados. Tal como na altura, o crime urbano não é todo igual e o crime suburbano - ou até campestre - apresenta contornos específicos; o tráfico de droga subsidia directa e indirectamente muita criminalidade avulsa. Engolir tudo de uma só vez provoca indigestão. O que é necessário é ver as diferenças. Tentarei nesta série examinar algumas, num estilo ligeiro e interessado como é próprio de um blogue. Necessário será, no entanto, que o PSD estude o assunto em vez de pedir cabeças de ministros e mais polícia.
a minha amiga MFL anda a seguir-me os passos, presumo então que também não gostou da minha ferroadazita ao sô scolari sobre espectáculos e lugares marcados.
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