Um país relativamente pequeno, e que é uma das três principais portas de entrada da cocaína sul-americana na Europa, deveria possuir uma força policial autónoma para o combate ao narcotráfico. A PJ está estrangulada financeiramente ( e dilacerada por intra e extra-conflitualidade) e a droga é um útero específico e gerador de subcriminalidade variadíssima que exige uma especialização hiper-profissional. Isto liga-se ao problema das cidades e do crime urbano e suburbano. Minorias étnicas, imigrantes, desempregados e desistentes do sistema escolar são grupos utilizados pelos importadores de heroína e cocaína. É um trabalho que garante proventos rápidos e as forças policiais têm essa percepção há muito tempo. Faugeron e Kokoreff ( Érès, 2002) assinaram um estudo célebre - desenvolvido em França e na Bélgica durante os anos 90 - que confirma essa percepção. Este problema - recrutamento de pessoal e estabelecimento de micro-redes de tráfico localizadas em zonas degradas das cidades - evidencia uma das primeiras razões para a mudança: a criação de um organismo especializado no pathos urbano. Nesta série tentaremos analisar muitas outras razões, mas esta já seria suficiente para justificar a criação dessa estrutura. A pulverização de recursos, o ruído na comunicação entre agências e a inevitável competição pelo poder de actuar e de nomear, impedem que se pense a cidade. Também não é de esperar que nestas condições se possa estudar tranquilamente, pelo que o resultado é, e continuará a ser, uma série de intervenções avulsas e desconectadas.
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